O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, apelou, esta quarta-feira, aos restantes concelhos da Área Metropolitana do Porto, também com problemas de consumo de estupefacientes, para criarem "salas de chuto" e não ficarem à espera que seja o Porto a resolver o problema sozinho.
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Nos primeiros nove meses de funcionamento, a sala de consumo vigiado ("sala de chuto"), instalada na "Viela dos Mortos", no Bairro da Pasteleira, já admitiu 1665 utilizadores e realizou 38 148 consumos, segundo o mais recente relatório do Programa de Consumo Vigiado do Porto. Um número que naturalmente será superior, quando for feito o balanço do seu primeiro ano de funcionamento.
Para o presidente da Câmara do Porto, a procura pela "sala de chuto" e a sua integração na comunidade envolvente transformaram num "êxito" o projeto que tem sido gerido pelo consórcio "Um Porto Seguro". No entanto, também se comprova que se trata de uma resposta "insuficiente".
"Uma das razões pelas quais se torna insuficiente é que há muitos utilizadores que são de municípios vizinhos", apontou Rui Moreira, ao fazer, esta quarta-feira, um balanço do primeiro ano do projeto, que abriu portas a 24 de agosto do ano passado.
Por isso, tal como a questão dos sem-abrigo, o problema da toxicodependência não pode ser apenas resolvido pela Câmara do Porto, crê o autarca.
"Gostava muito que os municípios vizinhos adotassem a mesma solução. É preciso que os municípios à volta do Porto façam investimentos idênticos. Não podem ficar com a expetativa de que seja só a Câmara do Porto a resolver o problema que também temos com a população sem-abrigo", sustentou.
Concurso para a gestão da "sala de chuto"
O Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) lançou, no passado dia 10 de agosto, um concurso para a gestão da sala de consumo vigiado do Porto, cuja dotação ascende aos 460 mil euros. Quando for adjudicado, a "sala de chuto" da Pasteleira deixará de ser um projeto-piloto e passará a ser uma resposta financiada pelo Ministério da Saúde, através do SICAD.
Como o concurso público poderá demorar ainda "um ou mês e meio" a ser concluído, Rui Moreira garantiu que a Câmara do Porto irá continuar a gerir o projeto durante esse período, estando a ser preparada uma proposta, nesse sentido, que será debatida e aprovada na próxima reunião de Câmara.
O presidente da Câmara do Porto também assegurou disponibilidade para financiar a outra fase do projeto que prevê a criação de uma unidade móvel, para responder ao problema da migração do consumo entre as várias zonas da cidade.
"A Câmara do Porto compromete-se a fazer um investimento numa unidade móvel, mas precisamos que o SICAD nos dê as especificações técnicas", revelou Rui Moreira. Até porque, ao contrário do que acontece em Lisboa, a Autarquia portuense pretende que, nessa nova resposta, existam condições para o consumo fumado, que representa 58% dos consumos já efetuados na sala de chuto. Para Rui Moreira, é fundamental que possa ser efetuado com condições de segurança para os profissionais que irão trabalhar no espaço.
"A Câmara do Porto está disponível para fazer esse investimento, mas este esforço tem que envolver os outros municípios da Área Metropolitana do Porto", insistiu Rui Moreira.