Autarca do Porto espera consequências para Xoan Mao, que admitiu a saída do município da associação luso-galaica e insinuou que Moreira se move por "protagonismo ou ego".
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Declarações do secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoan Mao, sobre a eventual saída do Porto daquela associação de municípios do Norte de Portugal e da Galiza, indignaram o autarca Rui Moreira, que espera que o caso tenha consequências. Mao disse que o Porto não participa nos trabalhos do Eixo e que se a vontade de Moreira é, "pelas suas expectativas pessoais, protagonismo ou ego", abandonar aquela organização, a "única coisa que se pode fazer é indicar-lhe a porta de saída".
Comentou ainda que a cidade "desapareceu do mapa" e está a apostar "num modelo isolacionista", tendo já abandonado a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP). E considerou ainda que a associação transfronteiriça "não sairá fragilizada" com a desagregação do Porto. Em reação a estas declarações, Rui Moreira considera que o Eixo Atlântico "deve repensar o secretário-geral que tem", por entender que Xoan Mao se "apropriou" da associação apesar de ser "apenas um funcionário" e que as suas posições já causaram "incómodo" diversas vezes entre governantes portugueses. Acusa o galego de já ter provocado a saída de Chaves-Verín e considera que a sua posição de agora em relação ao Porto está relacionada com o facto de a Câmara ter retirado ao Eixo Atlântico um edifício na Ribeira, que tinha sido cedido "por um valor simbólico", mas que "estava praticamente sempre fechado".
A associação nasceu em 1992, fruto da ideia do antigo presidente da Câmara do Porto Fernando Gomes, com o apoio do então alcalde de Vigo, Carlos González Principe.
"Se o Porto sair, tem unicamente o efeito simbólico de que foi no Porto onde nasceu o Eixo", atirou.
Ainda sobre o tema, afirmou que após a saída do Porto da ANMP, "não fica outro sítio de onde partir". "O Porto, todo o mundo sabe, desapareceu do mapa. Em todas as reuniões internacionais, já nem é convidado como palestrante, porque não tem nada com que contribuir", disse.
Apropriação da associação
Na terça-feira, após tomar conhecimento destas declarações, Rui Moreira afirmou ter entrado em contacto com a presidente do Eixo Atlântico, Lara Mendez. "Parece-me que a função de um secretário-geral não deve ser esta. Parece-me que há aqui de facto uma apropriação de uma associação relevante, por parte de uma pessoa que não é mais do que seu funcionário", declarou, acusando Xoan Mao "de permanentemente arranjar atritos com aqueles que não fazem aquilo que ele quer". "Não é de hoje a atitude do secretário-geral quer com governantes portugueses, quer com alguns dos associados com os quais por uma razão ou outra resolve embirrar", disse, sublinhando que "presidentes de câmara portugueses que têm assumido responsabilidades no Eixo Atlântico (Luísa Salgueiro, Ricardo Rio ou José Maria Costa, que agora é secretário de Estado do Mar) várias vezes manifestaram incómodo quando, por exemplo, Xoan Mao faz declarações a destratar governantes portugueses em matérias como as ligações ferroviárias".
Rui Moreira reconhece que "no anterior mandato, por causa de alguns estudos mandados fazer por Xoan Mao, o assunto [da eventual saída do Porto] foi falado", mas não foi avante por "respeito" pela associação. E concluiu: "Não vamos abandonar uma associação por causa de um secretário-geral. Vou esperar tranquilamente o que é que a direção há de dizer".
Saída da eurocidade
A Eurocidade Chaves-Verín deixou de ser membro do Eixo Atlântico em 2019 por considerar "ser o momento de encontrar novos parceiros" e por esta parceria estar "esgotada", segundo o presidente.
Ameaça de Rio
Em 2015, o autarca de Braga, Ricardo Rio, eleito presidente da associação, revelou que o Eixo poderia abandonar a Comunidade de Trabalho Galiza/Norte de Portugal, por "não ter a voz e atenção que merece".