O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, apresentou, nesta segunda-feira, uma recomendação a ser remetida ao Governo sobre a Metro do Porto, pedindo uma auditoria à informação prestada pela empresa à população e a revisão das compensações aos comerciantes afetados pelas obras.
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Os três pontos da recomendação foram votados separadamente, em reunião do Executivo, na manhã desta segunda-feira, tendo sido aprovados.
"Há um conjunto de desinformações, que causam prejuízos à população e aos comerciantes", sustentou Rui Moreira, aludindo às "metas que são anunciadas pela Metro do Porto em relação à conclusão das obras".
"Na Boavista, a esmagadora maioria dos portuenses está convencida de que o canal [de metrobus] já foi entregue à Câmara Municipal, o que é objetivamente falso. Mas foi dito, repetidamente, pela Metro, que as obras estão concluídas", exemplificou o autarca independente, referindo que "a Câmara é permanentemente instada a confirmar a veracidade das informações" veiculadas pela empresa, que havia garantido que a obra "ia ser entregue em setembro".
"A Metro do Porto tem divulgado informação que objetivamente sabe, no dia em que a emite, que é falsa", vincou Moreira, que no terceiro ponto da recomendação pretende "requerer ao Ministério das Infraestruturas e Habitação a abertura de uma auditoria à qualidade da informação disponibilizada pela Metro do Porto à população, com vista a garantir maior transparência e eficácia na comunicação com os cidadãos". O ponto foi aprovado com os votos contra do PS.
Por unanimidade foram votados os restantes dois pontos do documento, relativos às compensações aos comerciantes que registam prejuízos decorrentes das intervenções da Metro do Porto, pelo que a Câmara quer "instar o Ministério das Infraestruturas e Habitação a determinar à Metro do Porto a revisão imediata dos critérios de cálculo das compensações, assegurando o alinhamento com os princípios de justiça e proporcionalidade".
Lembrando a moção apresentada pelo PSD no passado dia 2, a vereadora Mariana Ferreira Macedo referiu que "a Metro do Porto não respondeu ao cerne da moção, que tem a ver com as compensações, justas e proporcionais, aos comerciantes", de quem há "relatos de quebras de 60%" nos negócios. "Sobre o principal motivo da recomendação existiu um silêncio total da Metro", criticou a social-democrata, observando que "incluir os anos da pandemia, não é sério, transparente nem correto para o cálculo de qualquer compensação".
Também Tiago Barbosa Ribeiro, do PS, sustentou que as "indemnizações devem ser feitas de acordo com critérios justos". O socialista afirmou, porém, que o pedido de auditoria "remete para um conflito institucional", o que levou o PS a rejeitar o ponto. Rui Moreira negou que se trate de um conflito com a Metro. "Do que se trata é que a Câmara Municipal do Porto é permanentemente instada pela população para confirmar a veracicade de coisas que não são verdade e que são da responsabilidade da Metro, E a única coisa que estamos a fazer é perguntar à tutela se assume responsabilidade sobre esta matéria", argumentou o autarca.
"Impunha-se perceber por que a informação é tratada desta maneira", apelou o vereador do Bloco de Esquerda. "Espero que um dia não venhamos todos a descobrir que o que se passa aqui são lutas políticas, porque a cidade e os cidadãos não vão perdoar os atrasos e todos estes problemas na Metro do Porto por causa de lutas políticas", afirmou Sérgio Aires.