<p>Animação desceu anteontem, sábado, às ruas de Ponte de Lima pelas mãos de cantadores e tocadores naquela que é por muitos tida como a noite maior das festas. Procissão dá hoje por terminada a última grande romaria minhota.</p>
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À hora prevista para o início da prestação dos tocadores - uma mera formalidade, dado que a maioria não arredara pé do centro histórico desde o final do cortejo -, as filas de automóveis que demandavam a vila serpenteavam até à auto-estrada que liga o concelho a Viana do Castelo, fazendo a necessidade de se encontrar um qualquer espaço para estacionar aguçar o engenho do mais intrépido dos condutores. De concertina às costas, vários eram, também, os músicos que se dirigiam, a pé, para o arraial, distribuído por todo o centro de Ponte de Lima, espaço para onde a organização das festas previa um afluxo superior a meio milhão de visitantes.
"Isto é alegria! É a alegria do povo!" A exclamação, de apreciador de rusga que escolhera o Largo de S. José (onde se encontra o monumento ao tocador) para palco, sintetizava o espírito da noite, por muitos tida como a maior da romaria. De copo de cerveja na mão e chapéu de palha na cabeça, pedia bis aos tocadores, muitos deles pupilos do vianense Canário. Do local afastava-se, contudo, a passo ligeiro e de concertina às costas, Jorge Gomes, de 15 anos, natural de S. Torcato, Guimarães. "Porquê a concertina? O meu avô tocava e gostava muito que eu seguisse os seus passos. Foi então que comecei a aprender e hoje sou já um grande tocador", garantiu, sem hesitar. "Viemos 20. Os mais novos têm apenas seis anos, mas já tocam", afiançou, a propósito, Rosa Freitas, do centro recreativo onde Jorge aprendera concertina. "Trata-se de instrumento que está a ganhar cada vez mais adeptos na nossa região", acrescentou, aludindo à última grande romaria do Minho como o "principal palco" da concertina.
Da indumentária do adolescente fazia, também, parte o chapéu de palha, de onde despontava a máxima "Feiras Novas 2009". "É um sucesso! Só hoje vendemos mais de mil. Bem mais", assegurou Laurinda Cunha, à frente do espaço de merchandising da comissão de festas.
À tarde, o cortejo etnográfico, dos mais emblemáticos quadros da romaria, contara mais de três mil participantes, oriundos de cerca de 35 das 51 freguesias do concelho. As festas encerram, hoje, com a procissão em honra de Nossa Senhora das Dores.