Cabido que gere a catedral critica multas a fiéis que vão à missa. Autarquia permite no Rossio, mas rejeita exceções noutras ruas.
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O Cabido da Sé de Braga e a Câmara de Braga têm vivido um clima de tensão à conta do estacionamento de carros dos fiéis junto à catedral. O responsável pelo Cabido da Sé, cónego José Paulo Abreu, lamenta as multas aos condutores que deixam as viaturas nas ruas adjacentes ao Rossio da Sé para irem à missa. A Autarquia diz que a Polícia Municipal só está "a cumprir a lei", por se tratar de zonas pedonais.
"Ultimamente, a Câmara tem mandado multar os carros que ficam nas ruas adjacentes ao Rossio da Sé. O que acontece é que, às vezes, os carros não cabem no Rossio e estacionam na Rua D. Paio Mendes e na Rua D. Gonçalo Pereira e a Polícia tem passado lá a multar esses carros", explica o cónego, lamentando o "comportamento invasivo" que poderá "afastar pessoas da catedral".
"Não estou para pagar multas"
Só no último fim de semana, José Paulo Abreu fala numa mão-cheia de multas. Entre os lesados está José Andrade, que, ao JN, assume estar a ponderar "deixar de ir à Sé às celebrações". "Tenho dificuldade em andar e só se levar o carro é que posso ir. Mas não estou para pagar multas. Sei que, como eu, há muitas pessoas revoltadas, pois também receberam multas para pagar, quando estacionaram no Rossio da Sé", adianta o fiel.
De acordo com o vereador responsável pelo espaço público, João Rodrigues, desde há três anos, o Município tem um acordo com o Cabido que permite o estacionamento no Rossio, nos horários das missas e outras celebrações, como casamentos, mas a exceção não pode ser aberta a outras artérias. "Quem não estaciona no Rossio tem de estacionar nos lugares de estacionamento normais", sublinha João Rodrigues, relembrando que o parqueamento à superfície é gratuito ao fim de semana.
A vereadora responsável pela Polícia Municipal, Olga Pereira, acrescenta que a praça junto à catedral "não encheu", durante as últimas missas, para justificar o estacionamento abusivo, e adianta que as autoridades "estão a fazer ações informativas" para que os condutores aparquem no Rossio.
Sobre as críticas do Cabido quanto à necessidade de se pedir "autorização" para estacionar no local em celebrações especiais, João Rodrigues diz que se trata de pedidos de aviso para "agilizar procedimentos" com a Polícia Municipal.
"O Rossio da Sé não foi criado para ser o Rossio da Câmara. É bom que sirva para o que foi criado. Não aceitamos este comportamento", atira o cónego José Paulo Abreu. "Queremos que as pessoas possam ir às missas, batizados, casamentos e concertos e possam ocupar a via pontualmente. Entendemos que as pessoas devem ter acesso e é condição para que Sé possa funcionar", conclui o representante da igreja.