Sérgio Aires é o candidato do Bloco de Esquerda à Câmara do Porto. Promete "combater a cidade-negócio que produz e reproduz pobreza".
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O candidato escolhido pelo Bloco de Esquerda (BE) à Câmara do Porto é o sociólogo Sérgio Aires, independente de 52 anos com percurso marcado pelo combate à pobreza e assessor no Parlamento Europeu. A deputada Susana Constante Pereira é candidata à Assembleia Municipal.
O que propõe o Bloco para o Porto com esta candidatura?
O BE apresenta-se a estas eleições para eleger um vereador que represente a esquerda socialista da cidade e que lute no Executivo por uma governação que dê voz às pessoas respeitando e dando prioridade às suas necessidades. Queremos uma cidade viva, que estanque a saída das pessoas, que previna e combata a desigualdade e a pobreza, que se mobilize para o combate às alterações climáticas, com mais espaços verdes, que promove a economia que serve todas as pessoas em vez do negócio que serve apenas alguns e, por último, uma cidade democrática que promova e valorize uma efetiva participação.
Quais os principais problemas do Porto que necessitam urgentemente de resolução?
Desde logo, a preocupante perda de população que a cidade tem sofrido, fruto de uma política urbanística que facilita e impulsiona o negócio imobiliário, privilegia o alojamento turístico e altera os usos do edificado, expulsando, direta e indiretamente, milhares de pessoas. Ao nível dos direitos sociais, prevalece a política dos anúncios e, mesmo essa, tem um pendor assistencialista quando devia ser emancipatório. Outro problema é o encerramento de creches e a ausência de respostas sociais e de proximidade capazes de fazer face à realidade e à crise social.
As populações mais necessitadas, os idosos, os casais jovens, têm sido ouvidas e contemplados por políticas municipais de inclusão?
O executivo de Rui Moreira tem desprezado olimpicamente a participação cidadã e a própria inclusão. O nosso compromisso é o de garantir que se privilegia a voz das pessoas - todas as pessoas - que podem e devem participar na identificação coletiva dos problemas e, mais ainda, na construção de soluções.
Em termos práticos o que é preciso fazer?
É prioritário dotar a cidade do Porto de um Plano Municipal Integrado de Combate à Pobreza, que tenha como objetivo promover o conhecimento permanente, atualizado e participado sobre a realidade, que permita uma atuação à medida. Uma das nossas propostas neste sentido, aliás, é o resgate da intervenção comunitária nos bairros sociais, a concretizar através da criação de, pelo menos, 30 equipas técnicas multidisciplinares. Não podemos continuar a atuar numa lógica de acolchoar os problemas sem ir à raiz, permitindo que as causas da pobreza permaneçam em florescimento. A cidade-negócio produz e reproduz pobreza e conseguiu pôr em maior risco uma parte substancial da população. A lógica terá que ser outra.
Que avaliação faz do mandato de Rui Moreira?
O que este executivo fez foi dar continuidade a um projeto de cidade-negócio, ignorando os problemas estruturais da cidade. Nunca procurou dirigir-se ao Porto escondido ou abandonado pela política de Rui Rio.
Perfil
Idade: 52 anos
Profissão: Sociólogo
Residência: Campanhã, Porto
Família: Casado, com um filho de 21 anos
É licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Integrou o gabinete de investigação da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, tendo assumido a função de coordenador nacional entre, 1998 e 2006. De 2012 a 2018, presidiu à European Anti-Poverty Network, que integra 31 redes nacionais e 13 organizações.
Melhor
Melhor
O mais reconhecido património identitário desta cidade e que é crucial preservar: as pessoas que cá vivem e as que foram expulsas mas anseiam regressar.
Pior
A pobreza e a exclusão social, particularmente a dos idosos. Uma cidade que abandona os seus idosos não respeita o passado, que perde memória e identidade.