O ancestral sistema de abastecimento de águas à cidade de Braga, datado do século XVIII, vai ser o protagonista do futuro Ecoparque das Sete Fontes, que no próximo ano deverá estar em condições de abrir os primeiros 10 hectares à população.
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O plano urbanístico para o local prevê 30 hectares para parque verde público, outros 30 hectares de enquadramento florestal de domínio privado e a mesma proporção para área urbana, onde se incluem novos edifícios, praças e vias de circulação. Para entrar neste complexo hidráulico e natural, que é Monumento Nacional, estão previstas três portas de entrada.
A zona do Braga Retail Center servirá como uma das zonas de acesso, até porque é aí que está previsto nascer uma das áreas construtivas, que funcionarão como uma espécie de definição das fronteiras do parque. "Queremos, também, que haja grande interação entre a entrada do Retail e a zona superior do hospital e possa existir uma zona de interligação através de um edifício emblemático. Poderá ser habitacional, mas também ter usos complementares de comércio e serviços", conta o presidente da Câmara, Ricardo Rio. O autarca adianta que a segunda porta de entrada deverá nascer junto ao antigo colégio das Sete Fontes, na zona de Areal de Cima. Há, por último, o objetivo de criar um acesso a partir de um parque de estacionamento do hospital. "Uma das coisas em discussão é a possibilidade do próprio parque de estacionamento servir de apoio às Sete Fontes. Temos intenção de prolongar a via, que hoje serve apenas a Urgência, até Gualtar. Será uma nova acessibilidade que é criada para o hospital", esclarece Ricardo Rio.
O autarca adiantou, ao JN, que o Município já conseguiu adquirir 1,3 hectares dos terrenos da área verde que será pública e as escrituras serão feitas "nos próximos dias". Tem, ainda, perspetiva de chegar a acordo com o Governo, ainda este ano, para que este ceda 8,9 hectares de zona verde que pertencem à unidade hospitalar. "Falámos de um terço do espaço verde e, por isso, o projeto pode avançar de forma faseada, uma vez que os terrenos são todos contíguos e podemos elaborar o parque progressivamente", conclui Ricardo Rio.
O projeto para as Sete Fontes prevê um conjunto de miradouros, anfiteatros naturais, percursos pedestres e até escalada, num muro de suporte de acesso ao hospital.
Proprietários unidos
Quatro dos proprietários dos terrenos das Sete Fontes, que a Câmara de Braga quer adquirir para colocar ao dispor da população, uniram-se para desenhar uma ação judicial conjunta contra o Município. Ermelando Sequeira, um dos queixosos, diz que em causa estará um pedido de expropriação, mas também uma indemnização, por terem os terrenos "bloqueados" há vários anos.
Expropriação
Ricardo Rio diz que o orçamento municipal deste ano já inclui três milhões de euros para expropriações, caso o diálogo com os donos dos terrenos do futuro parque verde não dê resultado.