Cerca de 100 trabalhadores da Siaco, fábrica de componentes para calçado, em São João da Madeira, foram confrontados, na manhã desta segunda-feira, com a empresa de portas fechadas e informação de que a mesma deverá entrar em processo de insolvência.
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"Dizem-nos que a empresa vai fechar, mas ninguém da gerência ainda nos informou do que verdadeiramente se está a passar", afirmou, ao JN, um dos muito trabalhadores que, na manhã desta segunda-feira, se reuniam em frente às instalações.
A maioria dos funcionários esteve a passada semana em casa, motivo pelo qual mostravam surpresa pelo sucedido. "Mandaram-nos uma semana para casa com a justificação de que era para o banco de horas. Mas quando aqui cheguei hoje, a empresa estava fechada", explicou Maria Santos.
Esta trabalhadora acrescenta que, nos últimos meses, "já não havia muito trabalho". "Estava tremido [a produção], mas não pensei neste desfecho", referiu.
Também Maria Oliveira, que ali trabalha há 43 anos, reforça que a maioria dos trabalhadores "não sabiam de nada". "Fomos apanhadas de surpresa".
Contudo, entre os poucos funcionários que estiveram ao serviço da Siaco na passada semana havia já informação do anunciado encerramento. "O patrão avisou alguns colegas de trabalho que pretendia fechar a fábrica e que não valia a pena vir trabalhar esta segunda-feira".
"Garantiu que nos paga os direitos todos e que entrega as cartas necessárias para recorrermos ao fundo de desemprego", precisou um dos trabalhadores. "Não há ordenados em atraso até ao momento", acrescentou.
Com o cenário de desemprego dado como certo, adensa-se a preocupação. "Como vamos pagar as nossas contas, os empréstimos do carro e da casa? Há gente com idade próxima da reforma, mas também outros mais jovens que vão passar tempos difíceis", referia uma das mulheres presentes.
A coordenadora do Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio do Calçado, Malas e Afins (SNPIC), Fernanda Moreira, informou, ao JN, que vai reunir com os trabalhadores e tentar o contacto com a empresa. "Anda não deu entrada o pedido de insolvência no tribunal. Queremos ter a certeza do que se passa e se estão garantidos os direitos dos trabalhadores", explicou.
O JN tentou, sem sucesso, contactar a Siaco que, na manhã desta segunda-feira, mantinha as instalações fechadas.
A Siaco é uma das empresas portuguesas ligadas ao setor do calçado com maior longevidade. Foi fundada em 1963.