Sismo de 1969 em Lisboa: "Pessoas obrigadas a sair porque havia muitas brechas nos prédios"
Sismo de 1969 provocou 13 mortes e a queda de algumas casas.
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Quando Lisboa tremeu pela última vez, há 54 anos, Fernanda Morgado tinha apenas dez anos, mas lembra-se "como se fosse hoje". "Eu e a minha irmã dormíamos juntas e levamos com o guarda-fatos em cima. Foi muito intenso, as pessoas saíram todas à rua de pijama muito assustadas. Os meus pais choravam", recorda a lisboeta, que vivia na Graça.
Em fevereiro de 1969, o país - sobretudo Lisboa e Algarve - sentiu o maior terramoto desde 1755. Morreram 13 pessoas, algumas casas desabaram e hospitais ficaram danificados.
Vasco Morgado, marido de Fernanda, estava num espaço noturno, em Alvalade. "Estava na casa de banho e, de repente, senti tudo a andar à roda e pensei: como é possível se eu só bebi um whisky. As pessoas começaram a entrar em pânico e viemos cá para fora", relata Vasco, 74 anos, que se lembra ainda de "caírem algumas chaminés". "Uma foi em cima de uma pessoa, que acabou por morrer", conta.
Castelo encerrou
Fernanda, 63 anos, lembra-se de algumas casas desabarem e de vários prédios serem evacuados, no Bairro da Graça. "Muitas pessoas foram obrigadas a sair de casa porque havia muitas brechas nos prédios. Só regressamos de manhã. A minha mãe ainda me pôs bastante tempo debaixo da ombreira da porta com medo que se repetisse", conta.
Célia Ferraz, 67 anos, vivia na Rua do Terreirinho, na Mouraria, quando acordou sobressaltada. "Estava a dormir. Acordei a meio da noite com um grande alvoroço, foi bastante intenso. Começou a ouvir-se muitas ambulâncias para o Hospital de São José", recorda. Os hospitais de São José e Curry Cabral foram algumas das estruturas que ficaram danificadas e o Castelo de São Jorge encerrou vários meses para reparações.
Algarve também sentiu
Na Manta Rota, no Algarve, Manuel Barbosa, 72 anos, também se recorda bem do sismo. "Estava deitado com o meu irmão e senti a cama a tremer. Levantamo-nos e saímos para a rua e eu subi para um autocarro porque ouvi dizer que abriam rachas no chão", conta. Na altura, com 19 anos, era pedreiro e ainda reparou muitas fissuras de várias casas algarvias provocadas pelo tremor. Na aldeia de Bensafrim, em Lagos, cerca de 50 casas desabaram.