<p>O primeiro parque temático molinológico do país foi inaugurado, esta sexta-feira, em Oliveira de Azeméis. Onze moinhos recuperados contam a história do característico pão de Ul, da indústria do descasque do arroz e das gentes locais. </p>
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Foram necessários oito anos e gastar quase o dobro da verba inicialmente prevista para a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis levar, literalmente, a água aos seus moinhos. Foi penoso o erguer do amontoado de pedras caídas, sinais ténues dos moinhos, das levadas, açudes e muros, consumidos pelo tempo e camuflados pelo forte silvado, que jaziam nas margens dos rios Ul e Antuã.
O local, que "metia medo", tal era o estado de abandono em que se encontrava, renasceu perante o olhar incrédulo de dezenas de convidados que assistiram à inauguração do Parque Temático Molinológico.
Situado no centro da freguesia de Ul e abrangendo também uma área de Travanca, o parque estende-se por 28,5 hectares de uma paisagem composta por um verde soberbo, linhas de água e uma fauna e flora generosa em cores e sons, a que se juntam 11 moinhos recuperados.
Um cenário singular, que o olhar do pintor Abílio Guimarães retratou em inúmeras aguarelas expostas na inauguração. "O local não passava de ruínas. Até tinha medo de aqui vir", testemunha o pintor, que agora tem no espaço o cenário predilecto para as longas horas de "puro prazer" que sente ao pintar o que o rodeia.
Elogios que foram corroborados pelo presidente da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Melchior Moreira: "Trata-se de uma grande obra que promove Oliveira de Azeméis e o Norte do país. Podem contar com a nossa colaboração".
Para o presidente da Câmara, Ápio Assunção, a concretização do parque temático representa "uma sensação de dever cumprido". "É um projecto antigo que deu muito trabalho, mas que será uma mais valia para o desenvolvimento turístico de Oliveira de Azeméis" referiu o autarca, lembrando que a obra custou 1,2 milhões de euros. O investimento previsto era de 750 mil euros.
A obra foi inaugurada, mas ainda denota algumas lacunas que os responsáveis prometem resolver num futuro próximo. À entrada do núcleo museológico do Moinho e do Pão, o visitante é confrontado com um moinho que foi parcialmente reconstruído em blocos de cimento que se encontram por rebocar. Mais à frente, os caminhos de acesso aos restantes núcleos foram limpos, mas não há sinalização que identifique os percursos correctos.
O arquitecto responsável pelo projecto, António Afonso, lembra que algumas destas situações se devem ao facto de ainda estarem a decorrer negociações com os proprietários de alguns moinhos e propriedades que se encontram na zona de influência do parque.
Mais difícil de resolver será o mau cheiro causado pela forte poluição das linhas de água.