Delegada de Saúde e diretor dos Centros de Saúde preocupados com aumento do número de casos de covid. Câmara fecha todos os cemitérios no Dia de Todos os Santos.
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O aumento exponencial do número de casos de covid-19 no concelho de Guimarães está a preocupar os principais responsáveis pelas autoridades de Saúde a nível local. Ontem, na reunião da Comissão Municipal de Proteção Civil, o diretor do Agrupamento de Centros de Saúde do Vale do Ave, Novais de Carvalho, disse que a situação no concelho é "excecional e grave, com consequências trágicas para a sociedade".
A reunião extraordinária da Comissão Municipal de Proteção Civil serviu para aprovar o fecho de todos os cemitérios do concelho de Guimarães nos dias 31 de outubro e 1 de novembro. A proposta da Câmara foi aprovada por unanimidade, mas cada uma das entidades presentes fez um balanço do panorama atual da pandemia em Guimarães.
"Tudo o que tivermos de fazer para reduzir o impacto de transmissão do vírus é importante, sobretudo quando envolve momentos de questões emocionais e famílias como o Dia de Todos os Santos", referiu Novais de Carvalho.
A delegada de Saúde, Fátima Dourado, classificou como "má" a situação de Guimarães e concordou com o fecho dos cemitérios: "É um dia muito particular, emotivo, propício a abraços".
Os responsáveis assumiram que a maioria dos casos são oriundos de festas particulares, como batizados e casamentos, e que é difícil conciliar a identificação célere das cadeias de contágio com os ajuntamentos que acontecem, por exemplo, nos portões das escolas.
RESTRIÇÕES LOCAIS
Domingos Bragança, presidente da Câmara, pediu "um esforço de todos" para "impedir a propagação do vírus", lembrando que "o agravamento das medidas restritivas pode ser aplicado em diferentes territórios, numa região, concelho ou freguesia". O autarca disse ter a anuência do arcipreste de Guimarães e Vizela para fechar os cemitérios, "tendo em atenção a evolução negativa desta infeção".
Na reunião estiveram ainda todos os presidentes de Junta de Freguesia, as corporações de bombeiros do concelho, a PSP, a GNR e um representante do Hospital Senhora da Oliveira. O aumento do número de casos também está a criar pressão sobre o hospital, que ainda recupera de um surto que infetou profissionais.
HOSPITAL "COM CAPACIDADE"
Ao JN, fonte oficial do Conselho de Administração afirma que o hospital está "com a sua capacidade instalada conservada e com os serviços a funcionar em conformidade, sem constrangimentos, ou rotura".
Uma das denúncias que chegaram ao JN dá conta que a tenda para doentes positivos com covid-19 não está a servir para triagem e que "só depois de passar pela triagem geral é que o doente é encaminhado para a tenda". Ou seja, a mesma fonte assegura que só "o bom senso dos bombeiros" está a evitar que se misturem doentes positivos com os negativos que estão na triagem normal. Fonte do hospital nega, contudo, que isto esteja a acontecer.
O número de casos diários de infeção por covid-19 já não é divulgado pelas autoridades de Saúde locais desde a passada quinta-feira. A nível concelhio, estão identificados casos em vários lares e escolas, com várias cadeias de transmissão ativas.