Autarquia da Trofa gastou 9,5 milhões de euros por ter serviços em vários edifícios arrendados. Novos Paços do Concelho ficam prontos até ao verão.
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Está em velocidade de cruzeiro a construção do novo edifício da Câmara da Trofa, que deverá ficar concluído até ao verão. O único dos 308 municípios portugueses que não possui edifício próprio tem os serviços municipais instalados numa moradia arrendada há mais de 20 anos. A fatura paga nestas duas décadas referente às rendas dos vários imóveis onde estão os serviços municipais ascende a 9,5 milhões de euros, superando o investimento nos novos Paços do Concelho: 8,9 milhões.
O autarca Sérgio Humberto recorda que quando assumiu a presidência em 2013, o Município estava a pagar, "só pelo aluguer da moradia unifamiliar, na EN14, 5500 euros por mês, mais impostos". E tinha vários serviços espalhados por outros edifícios, também arrendados, por falta de espaço.
Além de ter "renegociado todas as rendas", passando a pagar pelo imóvel onde está a Câmara 2300 euros mensais, o autarca lembra que "foi preciso coragem" para avançar com o projeto do novo edifício construído de raiz. Sobretudo, porque "em 2013 a Trofa era o segundo Município mais endividado do país, logo a seguir a Portimão", sublinhou.
"Negócio da China"
Um dos primeiros passos foi a compra por 169 mil euros do terreno à massa insolvente da antiga Indústria Alimentar Trofense, que ali laborou paralela à linha férrea. "Foi um negócio da China", admitiu Sérgio Humberto. Seguiu-se o convite a vários arquitetos para apresentarem as suas propostas, tendo o projeto do trofense José Carlos Oliveira sido o escolhido.
A obra representa um investimento de 8,9 milhões de euros, sendo que o Portugal 2020 contribui com um milhão, uma vez que foi recuperada uma parte da antiga fábrica, onde futuramente será a sala de reuniões da Autarquia. Metade da obra será paga recorrendo ao Banco Europeu de Investimento e a restante verba será assumida pela Autarquia.
Junto à entrada poente do novo edifício (acesso principal da Câmara) nascerá a Praça do Município, criada pelo arquiteto José Carlos Portugal.
Com o edifício "em fase de acabamentos", José Carlos Oliveira recorda as "condições difíceis" de projetar o imóvel num terreno "de 200 metros de extensão por 20 metros de largura", onde foram valorizados "espaços de receção amplos", todos eles em betão à vista. Sendo "um dos maiores projetos" em que o seu ateliê esteve envolvido, o arquiteto reforçou a "urgência" deste equipamento para a Trofa, face "à situação muito precária em que os serviços funcionam". José Carlos Oliveira acrescenta que o imóvel "vem reforçar o sentido de centralidade na cidade".
Presidente não tem gabinete e sai quando há reuniões
"É uma situação terrível, mas já se tornou um hábito", diz Sérgio Humberto quando questionado sobre o facto de na moradia onde está instalada a Câmara não ter gabinete próprio. "Prescindi do quarto, para o departamento jurídico ficar mais próximo das chefias de divisão", disse o autarca, explicando que atualmente ocupa a sala de reuniões, mas de onde é "obrigado a sair sempre que algum vereador precisa de falar com vários elementos da equipa". Com o novo edifício pronto, a mudança será faseada, mantendo-se os serviços da Ação Social e o Espaço do Cidadão no Fórum Trofa XXI, nos Parques Nossa Senhora das Dores e Dr. Lima Carneiro.