Um dos interessados não conseguiu financiamento e o outro não avançou. Autarca admite um trunfo final.
Corpo do artigo
Não existem propostas para a compra da Dielmar, empresa de confeções de Castelo Branco que está em falência com 242 trabalhadores, num processo que será decidido pelos cerca de 300 credores já na próxima quarta-feira. A empresa que mais interesse demonstrou, a Outfit 21, de Leiria, não conseguiu financiamento, desistindo do negócio. Contudo, o Governo está a trabalhar numa situação de última hora, confirmou ontem ao JN o presidente da Câmara de Castelo Branco. "Ainda existe uma luz ao fundo do túnel", adiantou Leopoldo Rodrigues.
Segundo apurámos, o Governo está em contacto com um empresário que poderá apresentar uma proposta na derradeira assembleia de credores no dia 10. Se não for nesse dia, "poderá fazê-lo depois, propondo retomar a empresa e ir contratar alguns trabalhadores, que poderão ser menos, ao desemprego", explicou uma fonte ligada às negociações. "Enquanto isso, estamos a trabalhar num plano que agilize os pagamentos pelo Fundo de Garantia Salarial a todos aqueles trabalhadores se a fábrica fechar", acrescenta.
Trabalhadores sem fé
Na quarta-feira, os credores vão voltar a reunir-se e os trabalhadores nem querem pensar em mais adiamentos. A maioria pretende o encerramento da empresa e a inscrição no desemprego.
Para além da Outfit 21, que queria comprar a Dielmar por 410 mil euros, outro interessado, Cláudio Monteiro, avançou na última assembleia de credores, no passado dia 26, com uma proposta de 10 milhões de euros através de uma empresa a criar entre 20 e 29 de outubro, que até agora não se concretizou, adiantou o administrador de insolvência. "A Outfit 21 retirou a sua proposta e até este momento (12.30 horas de ontem) o senhor Cláudio Monteiro não apresentou comprovativo da criação da empresa e sua capitalização com 10 milhões de euros", confirmou João Gonçalves ao JN.
Anabela Vitorino, representante de 137 trabalhadoras, diz que "a saída da Outfit 21, que era aquela que nos garantia a retoma laboral em novembro, entristece-nos". Neste momento, acrescenta, "não tenho fé que Cláudio Monteiro constitua a empresa". "O desfecho mais provável e desejável é o encerramento da Dielmar, não há que esperar mais", refere.
Com o fim da Dielmar dá-se início a um previsível longo calvário de alienação da empresa com um passivo de 17 milhões de euros, com a venda de largas centenas de bens, como maquinaria, stock de produto acabado, matérias-primas, viaturas e alguns imóveis. Quanto à fábrica, o edificado continuará a pertencer a um fundo imobiliário público.
Antes disto será proferida sentença por parte do juiz do Tribunal do Fundão onde corre este processo de insolvência, para a graduação da lista definitiva de credores. Na provisória, os trabalhadores como "credores privilegiados" deverão ser os primeiros a receber, estando para eles previsto 3,7 milhões de euros. "Mas é um processo sempre moroso", adianta ao JN uma fonte ligada ao processo.