Sondagem de Sintra: Apoio aos idosos é a prioridade em população avessa a extremismos
Peso da juventude é de 40%, mas eleitores só colocam a habitação na sexta posição no ranking das prioridades. Chega tem de cativar eleitores que apreciam imigrantes.
Corpo do artigo
Ana Mendes Godinho, candidata do PS, não se cansa de dizer que Sintra é concelho com mais jovens no país. É verdade que 40% dos seus moradores têm até 35 anos de idade, indicador acima da média nacional (36%). Por paradoxal que possa parecer, a habitação, que habitualmente é a preocupação principal naquela faixa etária, em Sintra é apenas a sexta prioridade dos inquiridos a sondagem realizada pela Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN. No topo está o apoio a idosos.
O ranking das preocupações sintrenses não deixa de ser um desafio para um partido como o PS, que tem o desejo natural de manter sob a sua alçada uma câmara que é socialista há 12 anos, de forma ininterrupta. O problema, em teoria, é que Ana Mendes Godinho (em segundo lugar, com 30,3% das intenções de voto) só mostra algum ascendente eleitoral junto dos eleitores locais entre os 45 e 54 anos e também na faixa acima dos 65 anos. Neste aspeto, Marco Almeida, que representa a aliança PSD/IL/PAN e lidera esta sondagem (32,1%), apresenta maior vantagem entre a faixa etária dos 25-34 anos e as classes sociais de rendimentos elevados.
Quem pode ainda captar muitos votos entre a juventude é, sem dúvida, Rita Matias, até porque ela própria só tem 27 anos, com a vantagem acrescida de ser deputada nacional e alguém muito próximo do líder do Chega. A sua notoriedade pública, nomeadamente devido à presença em eventos e nas redes sociais, é indiscutível. Segundo a sondagem (que lhe atribui 24,5% das intenções, até um máximo de 28,3%), a representante do segundo maior partido na Assembleia da República apresenta em Sintra maior vantagem entre a faixa etária dos 25-34 anos e entre as classes menos abastadas, onde há maior capital de queixas.
O grande óbice da candidata do Chega tem duas faces. A primeira, desde logo, reside no facto de prevalecer no concelho um sentimento positivo sobre a imigração, algo que não favorece o Chega, muitas vezes acusado de ser xenófobo. Em concreto, 52% concorda que os estrangeiros têm tido um papel positivo no município. A candidata tem o perfil certo (jovem e popular), surge na hora ideal (três mandatos seguidos do PS causam desgaste e o PSD desviou-se do formato AD), mas o local parece ser o errado.
A desvantagem comparativa de Rita Matias pode ser sempre superada através da sedução dos indecisos (24%) e pela mobilização para as urnas dos abstencionistas que não têm acreditado nas soluções dos partidos tradicionais. No entanto, há um outro obstáculo de monta: quando a ideologia é o que cada um diz ser, 45% posicionam-se ao centro e apenas 2% na extrrema-direita. À partida, este será um fator que jogará contra o Chega, normalmente rotulado de radical de Direita. Como alerta a Pitagórica, estes valores refletem uma autoimagem de cada um dos sintrenses inquiridos, não correspondendo necessariamente às classificações ideológicas que possamos atribuir a este ou àquele partido.
Importância dos animais
Um fator que pode ajudar a decidir o voto será a atenção que cada partido ou coligação dá aos animais de estimação. Quase 60% dos inquiridos dizem ter algum animal de estimação, com especial preferência pelos cães e pelos gatos, sobretudo entre moradores da classe média alta. A aliança do PSD com o PAN (e IL) tem aqui uma vantagem?
Ficha Técnica
Sondagem realizada pela Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN com o objetivo de avaliar a opinião dos eleitores recenseados no concelho de Sintra sobre temas relacionados com o município. O trabalho de campo decorreu entre os dias 13 e 18 de setembro de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores recenseados no concelho de Sintra e foi devidamente estratificada por género, idade e freguesia. Foram realizadas 955 tentativas de contacto, para alcançarmos 500 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 52,36%. As 500 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 4,47% para um nível de confiança de 95,5%. A distribuição de indecisos é feita de forma proporcional. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.