O movimento SOS Racismo acusou a GNR de ter usado "extrema violência" durante uma rusga num acampamento cigano em Vila Verde, mas fonte daquela força policial garantiu que foram usadas "as técnicas adequadas à perigosidade" da operação.
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Segundo o SOS Racismo, que se baseia em relatos de membros da referida comunidade, algumas das pessoas presentes no acampamento foram molhadas, para de seguida serem alvos de choques elétricos através do uso de "taser".
Há relatos do recurso a pontapés, socos, armas brancas, bastões e tiros de balas de borracha "de forma indiscriminada, atingindo vários elementos, num espaço onde se encontravam crianças e menores obrigadas a assistir ao que se passava".
"Vários elementos da comunidade foram agredidos verbalmente com conteúdos racistas e obrigados a comportamentos humilhantes", acrescenta.
Denuncia ainda "revistas aleatórias a membros da comunidade, incluindo despir uma mulher em frente a agentes do sexo masculino".
Considera que esta operação "aparenta contornos de desproporção do uso da força" e consubstancia "uma óbvia discriminação, por se tratar de uma comunidade cigana".
O movimento considera que estes comportamentos não podem passar impunes e garante que apoiará "todas as ações judiciais" que aquela comunidade eventualmente vier a instaurar.
Três mandados de busca
Fonte da GNR disse à Lusa que a operação foi desenvolvida no cumprimento de três mandados de busca domiciliária, no âmbito de uma investigação por furtos e roubos ocorridos nas zonas de Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro e no Gerês.
A rusga contou com o apoio de duas equipas da Companhia de Operações Especiais da Unidade de Intervenção da GNR.
"Muitos dos indivíduos estavam armados, um deles é conhecido por ser extremamente perigoso e sobre ele pendia um mandado de captura para acabar de cumprir uma pena de prisão, houve resistência e tivemos de usar as técnicas adequadas para os imobilizarmos", referiu.
Lembrou que o "taser" "é uma arma legal", garantiu que as mulheres foram revistadas também por mulheres polícia "em espaços resguardados" e negou insultos racistas.
A operação resultou na detenção de seis indivíduos, por posse de arma proibida, resistência e coação e posse de artigos resultantes de furtos e roubos.
Os militares apreenderam duas armas de fogo, uma de calibre 9 milímetros e outra de calibre 6.35, além de 14 munições, um automóvel e várias armas brancas (uma catana, um bastão, dois tacos de basebol e um chicote).
Foram também apreendidos artigos em ouro, 1200 euros e diverso material proveniente dos furtos e roubos, como computadores, máquinas fotográficas e telemóveis.
Os detidos têm idades compreendidas entre os 17 e os 38 anos.
Um foi devolvido ao Estabelecimento Prisional de Pêro Pinheiro e os outros foram presentes a tribunal, tendo-lhes sido aplicado termo de identidade e residência.
A fonte policial sublinhou que o grupo é suspeito da autoria de vários assaltos violentos na região, que estavam a causar "grande alarme social".