Projeto de arrojo arquitetónico nascerá nas escarpas em frente ao tabuleiro inferior da travessia do Douro.
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A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) aprovou a construção de um hotel de 14 quartos na escarpa da zona ribeirinha de Gaia, mesmo em frente ao tabuleiro inferior da ponte de Luís I. Na soma da proeza arquitetónica do projeto, assinado por Eduardo Souto Moura, com os prazeres dos sentidos despertados no encanto do velho burgo, o promotor do investimento encontra a escala de glamour para a definição de "hotel de charme".
"Eu desenhei um hotel. Se é de quatro ou cinco estrelas não sei. Se é de charme também não sei. As pessoas é que vão ver", disse ao JN o arquiteto Eduardo Souto Moura, que prefere enaltecer a façanha técnica do projeto "já aprovado pelo DGPC, apesar de todos os constrangimentos".
Além da salvaguarda patrimonial e paisagística, o arquiteto referia-se às dificuldades colocadas pela execução do projeto numa zona de escarpas, o que obrigou a soluções arrojadas.
Ainda não tem nome
O novo hotel, que ainda não está batizado - "O nome deve ser alusivo à ponte de Luís I", disse ao JN fonte da ZOF, Sociedade de Investimento Imobiliário, dona da obra -, vai nascer num terreno de 315 metros quadrados e nas mesmas fundações de dois edifícios demolidos no início do século XX, durante a construção do tabuleiro inferior da ponte de Luís I.
O projeto, cujo investimento ronda os cinco milhões de euros, também já foi aprovado pela Câmara Municipal de Gaia, em janeiro. A promotora destaca "as inúmeras" dificuldades inerentes à obra, "num terreno que tem uma configuração muito particular, o que requer projetos muitos elaborados". E por isso mesmo refere "a importância" de Eduardo Souto Moura ter aceitado "o desafio".
"É a pessoa certa para fazer deste projeto um sucesso e uma enorme mais-valia para a cidade de Vila Nova de Gaia", acrescenta a ZOF.
O hotel terá 14 quartos, esplanada, miradouro e bar. Tudo com vista privilegiada para o rio Douro e para a zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia e do Porto.
Inspiração
O plano das obras passará do papel para um terreno onde funcionou uma tipografia durante mais de um século. As máquinas encontradas entre as ruínas do edifício vão inspirar a decoração do alojamento turístico.
A promotora pretende abrir concurso para a empreitada ainda durante o segundo semestre deste ano e aguarda ver obra no terreno no último trimestre.