Um surto de covid-19, detetado no início de agosto na Residência Montepio do Porto, provocou 16 mortes num universo de 48 infetados. Atualmente, permanecem três pessoas internadas.
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Os dados foram confirmados ao JN pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte que, sem adiantar mais pormenores sobre o caso, detalhou que 29 dos infetados são utentes e 19 profissionais.
O surto na Residência Montepio do Porto teve início em agosto. Na altura, em declarações ao JN, o lar garantiu que a situação estava controlada. Mantendo o secretismo sobre quantos utentes e funcionários estavam infetados, a entidade assegurou ter conseguido "isolar a cadeia de contágio" e "manter um controlo rígido e próximo com os residentes, com as equipas e com as famílias".
Já em meados de agosto, citando a ARS do Norte, a agência Lusa dava conta de 46 infetados no lar, incluindo 10 pessoas internadas. Ainda assim, a autoridade de saúde assegurava que o surto estava "controlado" e que todos os utentes e profissionais do lar, num total de 225 pessoas, tinham sido testados.
Confirmando agora a morte de 16 utentes, a Residências Montepio explicou ao JN que "os residentes falecidos apresentavam várias comorbilidades, nomeadamente doenças cardiovasculares, patologias respiratórias crónicas, diabetes e elevado nível de dependência". Acrescentou ainda que a taxa de letalidade situa-se nos 22%, uma "percentagem considerada baixa, atendendo à média de idade dos residentes", que é de 90 anos.
No que toca aos funcionários infetados, "nenhum foi hospitalizado". Sete encontram-se recuperados e seis já retomaram funções. Garantindo o envio de "informações periódicas e atualizadas" à Unidade de Saúde do Porto e à Direção Clínica do Centro Hospitalar do Porto", a empresa sublinhou ainda a realização de testes laboratoriais "com elevada periodicidade" aos colaboradores, "no sentido da identificação de casos positivos o mais precocemente possível".
Localizada em Cedofeita, no centro do Porto, a Residência Montepio conta com uma equipa clínica, composta por médicos e enfermeiros. Em declarações ao JN, o presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, considerou "grave" a falta de transparência na divulgação do número de infetados e de óbitos. Garantindo que a Junta de Freguesia não foi contactada, António Fonseca sublinhou que o lar está localizado "numa zona habitacional" e que, por isso, a população deveria ter sido informada.
"O Montepio é uma instituição de luxo, que tem todas as condições. É caríssima. Tem recursos humanos e financeiros. Está numa cidade, onde há muita população à sua volta e tudo o que aconteça lá é importante. O secretismo durante este tempo todo só se entende com cumplicidade política e da Direção Geral da Saúde. Todos os dias, fala-se em lares e há uma instituição que, para não pôr em causa o seu nome, põe em causa a comunidade à sua volta", referiu António Fonseca.