Projeto solidário criado por moradora de Gondomar visa responder às necessidades de muitos agregados que ficaram no desemprego.
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Foi em março, em resposta ao primeiro confinamento e ao facto de constatar que havia "várias famílias a passarem necessidades por terem ficado no desemprego", que Susana Barbosa, 45 anos, decidiu pedir ajuda na sua página de Facebook para arrecadar bens alimentares. A adesão foi tão grande que, um mês depois, teve de criar uma página autónoma - Ajuda Alimentar a Famílias/Susana Barbosa - especificamente para esta causa.
Dez meses volvidos, Susana Barbosa, residente em Fânzeres, Gondomar, não podia estar "mais orgulhosa". A onda solidária tem crescido de tal forma que, desde então, já foram ajudadas "600 famílias e mais 150 estão à espera".
Uma causa a que Susana chama de "ajuda temporária", porque, como explica, "a ideia não é ajudar gente carenciada que já recebe apoios, como o rendimento social de inserção, mas sim pessoas que, por conta da pandemia, perderam o emprego ou que ficaram em lay-off". "É uma ajuda temporária, enquanto não se estabilizam", resume.
Alimentos e empregos
A vontade própria de uma mulher em matar a fome de quem precisa rapidamente se transformou numa onda solidária: "Além dos alimentos, já foi possível arranjar empregos, mobiliário e até eletrodomésticos a quem precisava". Tudo conseguido graças à solidariedade de muita gente.
"Apelo à sinceridade das pessoas que pedem ajuda e tudo o que é oferecido, seja um simples quilo de arroz ou vários pacotes de fraldas, publico tudo no Facebook", referiu Susana.
Atualmente, a página da rede social conta já com 3300 membros, e ainda que as entregas sejam prioritariamente feitas na Área Metropolitana do Porto, se houver no grupo quem possa ajudar alguém noutra zona do país - como já aconteceu com um caso de Lisboa - o auxílio é igualmente prestado.
Desde junho, Susana passou a contar com a ajuda de Mi Teixeira, residente em Rio Tinto, Gondomar, que já era um membro ativo do grupo. É com ela que às quintas-feiras faz as "recolhas solidárias". Ou seja, vão de carro, "onde for preciso" buscar alimentos que as pessoas têm para doar.
"Foi assim que em 24 horas, em vésperas de Natal, conseguimos ajudar uma família de Chaves, com duas crianças, que não tinham nada para comer", conta, emocionada, Mi Teixeira.
Graças à solidariedade também conseguiram dar no Natal presentes "novos" a 170 crianças.