Hoteleiros temem que a nova tarifa imposta pela Autarquia afaste clientes e consideram a medida erro estratégico.
Corpo do artigo
O regulamento para aplicação de uma taxa turística de um euro por noite aos turistas que durmam em Fátima e no concelho de Ourém ainda está em discussão pública, até ao final do mês, mas os dados disponibilizados até agora pelo Município deixam em aberto a possibilidade de as casas religiosas serem excluídas da cobrança desta tarifa. A generalidade dos hoteleiros não concorda com mais uma "sobrecarga" nos preços e os peregrinos dividem-se entre a indiferença e a concordância.
Se avançar nos moldes em que está delineada, a nova taxa, a aplicar por dormida até um máximo de três noites e só na época alta (abril e outubro), poderá render aos cofres da Câmara de Ourém "meio milhão de euros por ano", disse ao JN o presidente da Autarquia, Luís Albuquerque.
A receita será canalizada para uma conta própria e investida "na manutenção das infraestruturas" e nos melhoramentos urbanos "que os fatimenses e os hoteleiros reclamam há tantos anos", adiantou o edil, sublinhando que esta é "uma taxa justa que não incide sobre os habitantes nem sobre as empresas".
Hotelaria protesta
Os hoteleiros não têm a mesma opinião. "Não concordo com essa taxa. Os clientes já regateiam tanto o preço, que muitos vão fugir. O mercado hoteleiro de Fátima não tem nada que ver com Lisboa ou Porto", reagiu Fátima Alves, do Hotel Vitória.
"Um euro por pessoa é muito e se formos nós a ter de suportar não sei como vai ser, tendo em conta os preços tão baixos que já se praticam por aí", referiu, por sua vez, o sócio-gerente da Residencial S. Francisco, António Prazeres.
Em comunicado, a Associação Empresarial Ourém-Fátima classificou a taxa como "um erro estratégico", que vai tornar Fátima um destino menos competitivo e com menos clientes, sobretudo por estar a viver um período de "contração enorme da sua operação turística, após um ano [da visita do Papa] que, sendo extraordinário, não é repetível".
Já os peregrinos mostram-se divididos. Há quem não concorde, quem mostre indiferença e quem aceite, desde que a verba arrecadada seja aplicada. "Não é por um euro que os turistas se vão afastar", afirmou Manuel Souto, 78 anos, residente em Aveiro.
O Santuário de Fátima, que tem cerca de mil camas, por enquanto não se pronuncia sobre este assunto.
Tarifa aplicada aos turistas em vários municípios
A cidade de Fátima tem cerca de 15 mil camas, distribuídas quase equitativamente por unidades hoteleiras e casas religiosas. Ao aplicar a taxa turística, a Câmara de Ourém junta-se a Lisboa e ao Porto, as primeiras a adotar esta tarifa. Cascais também já aplica uma taxa de um euro por dormida (o que permitiu encaixar 16 milhões de euros em 2017), os municípios do Algarve vão passar a cobrar 1,5 euros por dia aos turistas e, no próximo ano, Sintra junta-se ao grupo com uma tarifa de dois euros diários.