Bertina Pinheiro vai estar nos desfiles do Mercado Medieval que decorre até ao dia 31. Esperam-se milhares de visitantes.
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De dia, é técnica de turismo, ao final da tarde, rainha. Vai ser assim a vida de Bertina Pinheiro enquanto durar o Mercado Medieval de Óbidos. Depois de dois anos de interregno, o evento está volta às ruas da vila, este ano tendo como mote o casamento de D. Afonso II e Dona Urraca de Castela, a primeira rainha a receber Óbidos como dote. O certame arrancou esta quinta-feira e vai prolongar-se até ao dia 31 de julho.
Apaixonada pela Idade Média, Bertinha Pinheiro, de 40 anos, estreia-se, este ano, no papel principal de uma grande encenação e logo na pele de uma rainha e na sua terra. Com alguma experiência no teatro amador, já tinha, em edições anteriores, participado na animação no certame, mas agora "é mais a sério".
Todos os dias, pelas 18.30 horas, Bertina, ou melhor D. Urraca, encabeça o cortejo que desfila pelas ruas da vila, engalanadas para a receber a rainha, que aparece sem o rei, ausente "em mais um tratamento por causa da lepra", contextualiza .
Sem microfone
Durante o percurso, a "rainha" Bertina vai proferindo o texto preparado pela equipa da "Ofícios com História", entidade curadora edição, o que a obrigou a fazer treino de voz. "Tenho de falar para o público sem o apoio de microfone. É preciso boa projeção", salienta, confessando sentir "uma ponta de orgulho" por desempenhar o papel. "Gosto de teatro e tenho um fascínio especial pelo período medieval. Juntar estes dois prazeres, em Óbidos, é a cereja no topo do bolo."
Bertina Pinheiro, de 40 anos, integra o grupo de mais de 600 pessoas do concelho envolvidas no mercado medieval. "É o evento mais icónico de Óbidos, pela forma como é sentido e vivido pela população e pelo envolvimento da comunidade", assinala o vereador Telmo Félix, frisando que o certame é também "uma oportunidade para criar receita adicional" para as coletividades locais.
O autarca realça a preocupação em "refinar a qualidade" do evento, aprimorando o "rigor histórico" e fazendo uma aposta "forte" na animação. "Queremos afirmar-nos como a maior recriação histórica medieval de Portugal", assume.
Dez dias de festa
Orçado em cerca de 400 mil euros, o Mercado Medieval de Óbidos conta com a participação de 25 associações, cerca de 70 mercadores, 32 grupos de música, teatro, dança e de artes circenses e uma equipa de 50 animadores de rua. O casamento entre D. Afonso II e D. Urraca de Castela, que recebeu a vila de Óbidos como dote, serve de mote à presente edição, que traz novidades, como o "cortejo dos penitentes", o "largo dos mercadores da lã" e o "acampamento dos infantes e petizes".