Viveu sempre como negociante de gado e esta segunda-feira comemorou 100 anos, ao lado da mulher com quem partilha uma vida inteira, ela mais nova, com 93. Manuel Freire sofre, apenas, de surdez, continua a dedicar-se a tarefas agrícolas e recomenda ao povo que trate da saúde, "a coisa melhor que temos". Veja o vídeo.
Corpo do artigo
O negociante de Lousada tinha 32 anos quando casou com Laura Magalhães, ela com 25. Foi há 68 anos. E foram pais de três filhos (dois homens e uma mulher). Hoje têm quatro netos e cinco bisnetos. Não fosse a surdez afetá-lo, Manuel Freire viveria mais descansado, porque não recorre aos médicos com frequência, anda a pé e dedica-se a podar videiras e a semear hortícolas.
"Ele trabalha, mas não é porque precise, tem aquela paixão pelo trabalho. Ainda come um bocadinho de bacalhau salgado e bebe uma pinga, mas de inverno já passa mais mal. Anda melhor que eu. A idade traz tudo, sabe", diz a mulher de 93 anos, mais queixosa e faladora. "Trabalhei até ver lume pelos olhos. Ele era negociante de gado e eu ficava a cuidar do campo", explica Laura.
"Sou analfabeto, no meu tempo só havia trabalho e fome. Mas, nunca abusei da saúde, há gente que abusa dela e acaba mais cedo. Também nunca fui muito amante da carne", explica. "O meu problema é a surdez. Ainda há pouco fui operado às cataratas e não me importei. Não me dói nada, sinto-me bem", conta o aniversariante.
A freguesia de Casais, em Lousada, celebrou o aniversário do homem mais idoso da terra. A Junta associou-se a cerca de 200 amigos e, depois da missa, houve festa rija. "Gosto de me entreter. Parar é morrer", conta o aniversariante que tem num gato o melhor companheiro; e que é benfiquista. "No ano passado fizeram-me um bolo com o emblema do Benfica. Até me emocionei", recorda.