Na manhã deste domingo, João Rocha, de 67 anos, olhava para o mar, enquanto fumava um cigarro ao lado do carro parado junto às grades de proteção, que anteontem foram colocadas para impedir o acesso à Praia Norte, em Viana do Castelo.
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Ao lado, no meio da via interdita, foi colocado um aviso: "Prevenção Covid-19". "Vim às compras e lembrei-me de vir até aqui um bocadinho. Os polícias passaram e vieram ter comigo dizer para não ir ali (para o passeio marítimo) que está interdito. Tenho estado sempre em casa, mas custa", comentou, referindo que aquela praia é um destino habitual. "Aqui há bom espaço para dar umas voltas", disse.
Aos domingos e todos os dias da semana, a Praia Norte está normalmente apinhada de gente. Com o acesso vedado e uma patrulha da PSP no local a alertar para a interdição, havia, mesmo assim, quem se chegasse perto do mar.
Na sexta-feira, foram interditados pela Câmara Municipal, no âmbito do estado de emergência, os circuitos pedonais e espaços de recreio e lazer da Praia Norte, circuitos pedonais do Cabedelo e acessos, miradouro e espaços adjacentes do monte de Santa Luzia.
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Nenhum dos locais estava deserto este domingo. Espaçadamente, surgiam famílias, pequenos grupos, casais e pessoas sozinhas a caminhar ou a correr, a passear o cão, andar de bicicleta e de skate.
"As pessoas não estão a respeitar. Quando vamos ter com elas dizem aquela desculpa que já estão há uma semana em casa e estão saturadas. Ou dizem que estão a fazer um passeio higiénico ou a passear o cão. Nós estamos aqui a apelar ao bom senso das pessoas", comentou ao Jornal de Notícias, um agente da PSP, em vigilância no Cabedelo.
A praia possui vários acessos e apesar de vigiada pela polícia, viam-se pessoas a praticar desporto, caminhar e correr. E carros a chegar, que se viam obrigados a voltar para trás, face ao aviso de interdição.
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Também este domingo, junto ao cais de pesca na ribeira de Viana, uma roda de antigos pescadores conversava, mas não como de costume. Entre eles havia um espaço de distanciamento não habitual. Um deles diz ao Jornal de Notícias: "A polícia já passou aqui e disse que é para ficar em casa".
Manuel Guia, um jovem pescador que está de saída para o mar, para "largar redes", comenta: "O pessoal ao que estou a ver não se aguenta em casa, mas deveria. São pescadores reformados e estão habituados a vir para aqui. A maioria está sozinha em casa e sente falta de companhia". E considera: "As pessoas de mais idade deveriam ficar em casa, nós estamos aqui, mas é porque vamos trabalhar".