A atuação do presidente da Assembleia Municipal do Porto está a receber reparos de praticamente todas as bancadas mas sobretudo das que apoiaram a indicação de Sebastião Feyo de Azevedo para o cargo: do PSD e do Porto, o Nosso Movimento. Em causa, problemas de articulação com o Executivo, que já provocou um clima de tensão crescente com o presidente da Câmara, Rui Moreira.
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"São tantas as situações, que até causam espanto", desabafou, ao JN, um deputado municipal do movimento independente de Rui Moreira, referindo-se a episódios como os da convocação, a pedido do BE, para o passado dia 22, de uma Assembleia Municipal com a Comissão Executiva da Área Metropolitana do Porto, sem informar o Executivo de Rui Moreira.
Segundo a líder parlamentar bloquista, Susana Constante Pereira, o requerimento tinha sido entregue seis meses antes e a reunião acabou por ser desconvocada praticamente na véspera, alegando-se escassez de informação por parte do Conselho Metropolitano.
Mas há mais casos como o da oposição de Sebastião Feyo de Azevedo a uma das personalidades sugeridas pelo Executivo Municipal para a atribuição da Medalha da Cidade. Ou até situações mais caricatas como as de Rui Moreira ter que pedir licença para ir à casa de banho durante as reuniões da Assembleia Municipal.
"Esqueceu-se que é presidente da Assembleia Municipal, que está lá eleito por todos e que tem que respeitar o Executivo", admite-se na bancada do PSD.
Contactados pelo JN, os líderes parlamentares dos sociais-democratas e do Porto, o Nosso Movimento, respetivamente Miguel Côrte-Real e Raul Almeida, recusam comentar a situação, "por respeito pelo acordo" estabelecido aquando das autárquicas. O líder Concelhio do PSD e coordenador desse acordo, Alberto Machado, garante desconhecer qualquer tensão entre Sebastião Feyo de Azevedo e Rui Moreira e descontentamento vindo do PSD.
Mas são vários os deputados que o confirmaram ao JN, manifestando-se inclusivamente "preocupados" com o que a permanência de Sebastião Feyo de Azevedo possa fazer em relação a um acordo "que garante a estabilidade governativa". E até já há quem admita que o ex-reitor da Universidade do Porto "começa a não ter condições" para continuar no cargo, sugerindo-se outros nomes do PSD.
Apesar da maioria das críticas virem do PSD e do movimento independente, há reparos a Sebastião Feyo de Azevedo de quase todos os grupos parlamentares. "Há uma gestão muito matemática do tempo e não permite o recurso às várias figuras regimentais que existem para se intervir", aponta a líder parlamentar do BE, admitindo a existência de "alguns pequenos conflitos".
"Não sinto que o PS seja prejudicado mas há alguma falta de equidade", afirma o líder da bancada do PS, Agostinho de Sousa Pinto, acrescentando que se "percebe que o ambiente não é pacífico entre algumas bancadas e o presidente da Assembleia Municipal". "Politicamente, devia de estar mais acompanhado", acrescenta o líder do PAN, Paulo Vieira de Castro.
Já Rui Afonso, do Chega (que foi substituído por Jerónimo Fernandes em janeiro), acusa Sebastião Feyo de Azevedo de fazer "alguns comentários desagradáveis" e de "omitir deliberadamente o sentido de voto do Chega". "Sei que tem um espírito de gracejar mas tem que manter o respeito institucional e a dignidade dos grupos e nem sempre o faz", considera.
"Está a gerir o melhor que sabe e não notamos parcialidade na gestão dos trabalhos", considera, porém, o líder da bancada do PCP, Rui Sá. Já Sebastião Feyo de Azevedo garantiu, ao JN: "Temos conversas normalíssimas durante as reuniões e as questões estão a correr sem qualquer reparo. Não acho que exista razões para comentários desse tipo". E o Gabinete de Rui Moreira recusou fazer qualquer comentário.