As trabalhadoras da Dielmar, empresa de confeções de Castelo Branco, cujo futuro está adiado para 10 de novembro, dia em que se reúne a assembleia de credores, preferem os "tostões" aos milhões.
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Que é como quem diz, a proposta de compra da empresa de 410 mil euros da Outfit21, de Leiria, aos 10 milhões de euros propostos por Cláudio Monteiro, jovem empresário de Viseu, que uma delegada sindical apelidou de "Ronaldo", quando o viu anteontem na assembleia de credores a apresentar uma fortuna.
Preferimos uma proposta que garanta o futuro, "que assegure os empregos" aos "milhões acenados sem garantias de retoma". A proposta da Outfit21, dizem, "é aquela que garante não só o pagamento dos salários de outubro como a retoma já em novembro. É o que queremos", diz Anabela Leitão, representante de 137 trabalhadoras não sindicalizados da Dielmar, que pediu insolvência com uma dívida de 17 milhões de euros.
O administrador da Outfit 21, Vítor José Fernandes, compromete-se a pagar os salários de outubro e a reabrir a fábrica em novembro se conseguir concretizar o empréstimo que está a negociar com o Santander, processo confirmado pelo administrador de insolvência e pelo Banco do Fomento Nacional. "Está há 38 anos no ramo e o diretor-geral já trabalhou na Dielmar, sabe reorganizar linhas fabris", diz a trabalhadora.
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A segunda proposta parte de Cláudio Monteiro, sem empresa constituída, com formação em engenharia e detentor de duas marcas de confeção, que não especificou, e que se disponibiliza a transferir dois milhões de euros hoje e oito amanhã, sob um contrato-promessa, para assegurar já o pagamento dos salários de outubro. Se a proposta de 10 milhões de euros não for aprovada no dia 10, na assembleia de credores, "peço apenas a transferência do valor remanescente depois do pagamento dos salários", perdendo assim os 170 mil euros dos ordenados de outubro.
Quinta-feira é dia de plenário
Para os trabalhadores, que se reúnem hoje em plenário, parece não existirem dúvidas. A presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa lembra que estão em causa centenas de famílias cujos recursos são quase inexistentes. "O salário de outubro é premente, mas não a qualquer preço. As trabalhadoras querem manter os seus postos. Parece-nos que entre agitar milhões sem garantias de futuro e uma empresa já no ramo com garantias de retoma imediata, é preferível a segunda", sublinha Marisa Tavares, confirmando a preferência pela Outfit21.