A Comissão de Trabalhadores (CT) da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) solicitou a intervenção do Presidente da República para pôr fim "à intervenção abusiva do Conselho de Administração da empresa nas eleições da CT".
Corpo do artigo
Os representantes dos trabalhadores denunciam, numa carta enviada a Cavaco Silva, a "tentativa clara" da administração "de denegrir o coordenador da CT", que se recandidata ao cargo.
As eleições realizam-se na quinta-feira.
"Esta CT repudia o comportamento do Conselho de Administração (CA) na tentativa de denegrir a imagem do nosso coordenador, em momento eleitoral (...), pelo motivo de este órgão ter exigido a intervenção e fiscalização do Governo nos atos de gestão pouco claros, na nossa opinião, e sem informação a esta CT (venda de património, entre outros)", lê-se numa carta enviada na terça-feira a Cavaco Silva, a que a Lusa teve hoje acesso.
Os representantes dos trabalhadores lembram que "a CT rege-se pela intervenção democrática de todos os seus membros, legalmente eleitos, no Centro de Gestão da Empresa, logo, é de todo inadmissível que uma atitude da CT seja personificada no seu coordenador numa 'Informação' difundida a todos os trabalhadores da empresa com o objetivo claro de denegrir a sua imagem".
"Esta atitude é ainda mais grave porque a STCP está em período eleitoral para a CT e o nosso coordenador é um 'cabeça de lista' de um grupo de trabalhadores para o próximo mandato deste órgão", lê-se.
Assim, os representantes dos trabalhadores solicitam "os bons ofícios" do Presidente da República, "no âmbito de cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, no apuramento de responsabilidades do ora denunciado".
A CT da STCP pediu, na segunda-feira, a "intervenção urgente" do Governo na empresa para acabar com a "gestão danosa" do Conselho de Administração.
Na carta aberta enviada ao secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, a CT solicitava a "intervenção de todos os órgãos de fiscalização e soberania para colocar um fim à hiperatividade lesiva aos interesses da STCP dos últimos três meses por parte desta administração em gestão", lembrando que o seu mandato terminou a 31 de dezembro do ano passado.
Contactada pela Lusa, a administração "desmentiu categoricamente todos os pontos contidos na carta" e "apenas pode compreender e lamentar que a carta e o seu conteúdo, totalmente inverosímil" tenha sido dada à comunicação social "no âmbito das eleições para a CT".
"A STCP não pactua com manobras eleitorais e lamenta a tentativa de manipulação da comunicação social que elementos recandidatos à CT fazem, utilizando em benefícios pessoais um órgão importante como é a CT", acrescentou a administração.
A administração adiantou ainda "reafirmar a defesa intransigente e permanente dos interesses da empresa", afirmando que "tal é demonstrado indubitavelmente pelos resultados apresentados nos últimos anos que fazem da STCP a melhor empresa de transporte público em Portugal".
A Comissão de Trabalhadores, por outro lado, considera "crucial" que as contas e contratos celebrados pela administração sejam retificados pelo Tribunal de Contas e órgãos de soberania "face às medidas lesivas que têm vindo a ser adotadas" nos últimos meses.