A criação de um campeonato de jogos tradicionais da CIM Terras de Trás-os-Montes, com fases municipais nos nove concelhos daquela entidade, está a contribuir para a recuperação e preservação destas práticas, a que os jovens estão a aderir cada vez mais.
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“Temos notado um enraizamento ou uma revitalização dessas tradições e isso nota-se nos números e, também, acho que existe uma proa nos municípios que recebem de intensificar e mostrar o bem receber, focando-se na participação nos jogos”, explicou o presidente da CIM, Pedro Lima, na apresentação da quarta edição do campeonato, que se realiza em Miranda do Douro, no dia 15 de junho.
Em competição estão vários jogos que antigamente se jogavam nas aldeias transmontanas, como o fito, o jogo do burro, a malha, a raiola, a relha, a corda, o jogo das cadeiras, a corrida de sacos e o pião, entre outros. Os materiais e equipamentos utilizados foram todos construídos por empresas transmontanas.
“Fizeram-se algumas adaptações, como no caso da malha, habitualmente em ferro, que foi adaptada para não danificar os pavilhões”, explicou Rui Cortinhas, presidente da Associação de Jogos Populares do Distrito de Bragança (AJPDB). Esta entidade atualmente não tem kits de jogos disponíveis, porque os emprestou a várias instituições. “As escolas solicitam-nos bastante estes materiais. O campeonato contribuiu para que os jovens se interessem mais por estes jogos. Por exemplo, nos magustos já usam este material e fazem atividades com eles nas escolas”, afirmou Rui Cortinhas.
Na quarta edição do campeonato, são esperados 500 participantes de todas as idades e oriundos dos concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais.
Preservação do património cultural
Este ano, a CIM Terras de Trás-os-Montes preparou um conjunto de vídeos tutoriais dedicados aos jogos tradicionais do território, que se assumem como uma ferramenta pedagógica inovadora, com o objetivo de ensinar as regras e técnicas de cada jogo, promovendo a sua prática junto das gerações mais jovens e contribuindo para a valorização, preservação e transmissão deste património cultural.
Segundo Rui Cortinhas, presidente da associação de Jogos Populares do Distrito de Bragança, os jogos estão regulamentados pela Federação Portuguesa de Jogos Tradicionais.
O presidente da CIM destaca que os jogos tradicionais promovem o convívio intergeracional, o espírito comunitário e o enraizamento das tradições locais. “Além disso têm um espírito de inclusão, pois alguns desses jogos foram adaptados para pessoas portadoras de deficiência ou de alguma incapacidade, tornando este campeonato num festival de valores transmontanos”, indicou Pedro Lima.
A CIM investe cerca de 40 mil euros por edição para organizar o campeonato.