Projeto-piloto de transporte partilhado vai durar um ano. Há uma centena de veículos distribuídos por 50 pontos da cidade.
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Duarte Pereira e Afonso Alves chegam à doca de trotinetas da Rua José Correia de Lacerda, na cidade de Vila Real. Colocam as "máquinas" elétricas no descanso e vão rapidamente ao telemóvel dar a utilização por concluída na aplicação da empresa responsável pelo serviço. A viagem ficou por "dois euros e meio" a cada um.
Duarte Pereira, do Porto, e Afonso Alves, de Vila Real, são alunos de Engenharia Informática na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Optaram por ir para casa de trotineta porque o autocarro dos transportes urbanos ainda demorava 20 minutos. E depois ainda mais outro tanto pelas diversas paragens da cidade. E assim, montados na maquineta verde, foi quase sempre a andar.
Habituado a deslocar-se em trotineta no Porto, Duarte, 18 anos, apegou-se logo a este meio de mobilidade urbana amiga do ambiente.
"Tem dado muito jeito. Lá usava quase diariamente e estava mesmo com esperança de que também viessem para cá", refere.
"Coisa boa"
Para Afonso, também com 18 anos, foi tudo novidade. Depois de experimentar, considera que é "uma coisa boa para a cidade", nomeadamente para "fazer trajetos pequenos", e que "até nem fica muito caro", pelo que lhe vai dar "bastante jeito".
O problema foi subir a Rua do Calvário para o Pioledo. "Isto também depende do peso e tive de dar ao pé por ali acima", sorri, enquanto Duarte, um pouco mais baixo e leve, teve melhor sorte, com o veículo a aguentar-se pela encosta.
Vila Real não é propriamente uma cidade plana, mas este tipo de mobilidade chega à maior parte dos locais. As trotinetas estão disponíveis desde o passado dia 24. Trata-se de um projeto-piloto que vai durar um ano e resulta de uma parceria entre a empresa Bolt e a Câmara de Vila Real.
Começou com uma centena de trotinetas elétricas, distribuídas por 50 pontos de partilha em toda a cidade. Mas, se a procura for elevada, a disponibilidade poderá aumentar para o dobro. Dentro de um ano, as partes vão avaliar se valeu a pena.
Equipa de rua 24 horas
O vereador Adriano Sousa diz que "ainda é cedo para tirar conclusões" sobre a utilização das trotinetas na cidade. No entanto, acredita que "será um meio que fará parte do pacote de mobilidade que se deseja para o futuro". Inclui transportes públicos, novos parques de estacionamento, aumento da área tarifada e dois elevadores que vão ajudar a vencer desníveis e ciclovias.
As chamadas docas são os pontos de partilha obrigatórios. Ou seja, onde as trotinetas se recolhem e largam. Rodrigo Veloso, da empresa Bolt, garante que a operadora vai fazer "todos os possíveis" para manter a "cidade organizada". Nesse sentido, o objetivo é ter disponível uma equipa de rua a trabalhar 24 horas por dia.
Pormenores
Preço
Usar as trotinetas custa 20 cêntimos por minuto. É necessário instalar a aplicação da Bolt no telemóvel e associar-lhe um cartão de crédito. Depois é preciso ativar a aplicação para iniciar a viagem, que só termina quando o veículo for deixado na doca virtual, ou ponto de partilha, e concluir o tempo de uso na aplicação. A obrigação de deixar as trotinetas nesses pontos para se encerrar a viagem "evita que sejam deixadas em qualquer sítio", afirma o vereador Adriano Sousa.
Limites
Vinte quilómetros por hora é velocidade máxima permitida. O comissário da PSP de Vila Real Jaime Cruz diz que as trotinetas não podem circular nos passeios (exceto se forem transportadas à mão ou por utilizadores até aos 10 anos). A circulação deve ser feita pelas ciclovias ou vias de trânsito, sempre pelo lado mais direito da faixa de rodagem. A utilização deve ser feita por apenas uma pessoa, está vedada a utilização de telemóveis e é proibido circular sob o efeito de álcool ou substâncias psicotrópicas. O uso de capacete é aconselhado.