Chegaram a ser centenas, mas agora nem a 20 chegam os tuque-tuques que circulam pelas ruas de Lisboa. Pela simpatia, enfeite das viaturas, descida de preços ou técnicas de venda mais arrojadas vão conquistando os poucos clientes que aparecem. A atividade chegou a ser muito rentável, mas hoje já ninguém vive só desta profissão. Muitos mudaram de emprego e quem continua vive no limbo, pois "não há para todos".
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"Antes da pandemia, mesmo que não soubesse vender, bastava estar sentado no tuque-tuque e as pessoas vinham", recorda Pedro Oliveira, 25 anos, sentado ao volante do seu tuque-tuque na Praça da Figueira, em Lisboa. Agora, além do talento para a venda, safa-se quem tiver a viatura mais original. "Se (os turistas) gostam de flores ou de sardinhas, vão para o tuque-tuque com esses adornos. Temos de batalhar mais pelas viagens", diz.
Licenciado em Direito, começou a trabalhar na atividade há três anos. Gostou e ficou, mas não pensa continuar. "Não há turistas para estes tuque-tuques todos agora. É um negócio muito instável e há dias em que não fazemos nada. Não sei se vamos voltar ao que éramos antes da pandemia", lamenta Pedro Oliveira.
de oito mil para 350 euros
No início da fila de tuque-tuques, Ana Pulido está mais otimista. "Tenho esperança", desabafa. Faz desta atividade vida desde que os tuque-tuques começaram a circular, na capital, em 2015, e sente bem a diferença.
"Há seis anos foi uma explosão, nunca ganhei tanto na vida, cheguei a ganhar 8000 euros por mês. O mês passado ganhei 350 euros", conta. Vem da Costa da Caparica para Lisboa e, muitos dias, confessa, "paga para trabalhar".
"O poder monetário dos clientes baixou e a reação quando dizemos o preço é muito diferente. Ficam assustados e fogem, nem conseguimos negociar. Mesmo quando conseguimos reduzir o preço, muitas vezes não vêm".
Perto do elevador de Santa Justa, "para fugir à concorrência da Praça da Figueira", Ricardo Teles tenta a sorte. "Antes até dava para escolher, agora as pessoas passam, tiram fotos ao tuque-tuques, mas não andam.