Um centro interpretativo dá a conhecer as várias artes e mesteres que se desenvolveram ao longo do Vale do Ave. Até ao final do ano a visita é gratuita.
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O edifício dos Fornos da Cruz de Pedra, a última oficina de oleiro da Cidade Berço, abriu portas ao público, depois de recuperada, esta terça-feira. O espaço é composto por um núcleo museológico relacionado com a olaria, uma loja e um atelier onde estarão, em permanência, artesãos a trabalhar. Localizado numa antiga casa de oleiros, na rua das Lameiras, na freguesia de Creixomil, a musealização do espaço permitiu recuperar os dois dos últimos fornos de olaria que ainda existiam na cidade. Na inauguração, o presidente da Câmara, Domingos Bragança, meteu as mãos no barro para tentar fazer uma Cantarinha de Guimarães.
O novo espaço destina-se a preservar a memória da olaria vimaranense, mas também de outras artes e mesteres, como a cutelaria, os curtumes e os têxteis. “Artes que têm em comum o facto de precisarem de água nos seus processos e, por isso, se desenvolveram ao longo do Vale do Ave”, explicou Catarina Pereira, diretora d’A Oficina para as Artes Tradicionais.
No pátio da casa, sobressaem os dois fornos onde antigamente eram cozidas as peças de barro. No atelier, vai ser possível observar oleiros a fazerem as tradicionais Cantarinhas de Guimarães que depois podem ser adquiridas na loja. Este espaço será também usado para acolher artistas contemporâneos em residências onde poderão tomar contacto com artes tradicionais, como a própria olaria ou o bordado de Guimarães, que depois poderão integrar nas suas peças.
Domingos Bragança, depois de experimentar ele próprio a roda de oleiro, exprimiu a vontade de criar condições para que as crianças das escolas de Guimarães tenham oportunidade de passar por este espaço, para tomarem contacto com estas atividades que fazem parte da “nossa identidade cultural”.
Na origem da cooperativa A Oficina
A necessidade de adquirir a esta oficina de oleiro, em 1989, levou à criação da cooperativa “A Oficina - Centro De Artes Mesteres Tradicionais De Guimarães”, detida em 84% pelo Município, que, hoje, tem uma ação que vai muito além do artesanato. Esta cooperativa gere e programa o Centro Internacional das Artes José de Guimarães, o Centro Cultural Vila Flor com o seu Palácio do século XVIII, a Casa da Memória de Guimarães, o Centro de Criação de Candoso e a Black Box na Fábrica Asa, o Teatro Oficina, um serviço de Educação e Mediação Cultura e é responsável pela organização dos festivais Guidance, Westway Lab, Festivais Gil Vicente, Manta e Guimarães Jazz, da Feira de Artesanato e as Festas da Cidade e Gualterianas.
Os Fornos da Cruz de Pedra vão estar abertos de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas e aos sábados das 11 às 18 horas e, até ao final do ano, a entrada é gratuita.