Na cidade de Viseu arrancou, este domingo, uma ação de recolha de bens alimentares, medicamentos, produtos de higiene pessoal, roupa, cobertores e mantas para enviar para a Ucrânia, país que nos últimos dias está a ser atacado pela vizinha Rússia.
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A campanha decorreu ao longo de toda a manhã junto à Igreja Nova e vai manter-se ativa nos próximos tempos.
Os bens recolhidos seguiram em quatro carrinhas para o consulado da Ucrânia no Porto, que depois vai fazer chegar esses bens ao leste europeu.
De lágrimas nos olhos, e com a voz embargada, Andriy Dykun, da Associação dos Ucranianos em Viseu, quase só conseguiu agradecer todo o apoio.
"Estou muito emocionado, esperava que as pessoas ajudassem, mas isto é enorme. A palavra 'obrigado' é pouco", confessou.
Também a ucraniana Karina Leyko agradeceu todo o auxílio recebido. Enquanto falávamos com esta mulher, que vive em Portugal há 18 anos, continuavam a chegar pessoas com material para doar.
Karina tem falado com os familiares no país natal e contou que a situação "está muito complicada".
"Não sei como é que as pessoas conseguem viver no meio daquilo tudo. Nós estamos com eles no nosso coração, é o nosso país, onde nascemos e crescemos. Ver destruir tudo aquilo é muito complicado", frisou, acrescentando que esta a campanha de recolha é uma forma de ajudar e de contribuir com o que se pode.
Os seus avós, com mais de 80 anos, não querem abandonar a Ucrânia. Karina sofre com isso, mas compreende que eles queiram manter-se na sua terra natal, na região centro do país.
"Eles têm muito medo. Já estão a preparar um bunker com cobertores, água, comida, estão a preparar tudo para se precisarem de fugir", revelou.
Novos e velhos. Pais com filhos. Pessoas a título individual. Foram muitos aqueles que, esta manhã, passaram pela Igreja Nova em Viseu para mostrar solidariedade para com o povo ucraniano.
"Esta situação de guerra afeta toda a gente, não é só a Ucrânia e a população de lá. Acho que se todos juntarmos um bocadinho conseguimos ajudar e eles precisam tanto de uma ajuda nesta fase. Qualquer dia podemos ser nós. Temos que ser uns para os outros", defendeu Catarina Marinho, uma das participantes.
Catarina levou bens de primeira necessidade, produtos de higiene para adultos e crianças. As imagens que viu na televisão de famílias a separarem-se, as mães com os seus filhos pequenos, muitos ainda de colo, não a deixaram indiferente.
"É uma angústia muito grande. O que fazemos é pouco para o que eles precisam", disse.
Visivelmente emocionada estava também Alexandra Almeida, que realçou o desespero das famílias com a chegada da guerra. Contribuiu com comida e roupas. Fez questão de levar os seus três filhos, de sete, seis e cinco anos, quando entregou alguns bens.
"É importante eles verem que é preciso ajudar o próximo. Hoje são eles e amanhã podemos ser nós", sustentou.
Paulo Adolfo também levou a filha. Ofereceram medicamentos, roupas e produtos alimentares.
"Tomara eu não vir, era sinal que não havia esta tristeza que está a acontecer. Infelizmente não aprendemos nada com a história", afirmou, salientando que todos temos que "ser solidários" perante uma tragédia que, espera, "acabe o mais rápido possível".
A campanha de recolha de bens, em Viseu, a favor dos ucranianos não tem data para acabar. A ação é promovida pela Associação dos Ucranianos, Associação Viriatos.14, Câmara Municipal e Instituto Politécnico de Viseu.
"Este vai ser um esforço prolongado no tempo, tal como infelizmente será a guerra. Quem quiser pode continuar a entregar a ajuda durante a semana no Instituto Politécnico", adiantou Fernando Figueiredo, da Associação Viriatos.14.
Segundo este dirigente, há também ucranianos a residir em Viseu há vários anos que nos próximos dias vão partir para o país natal para entregar ajuda. Alguns ponderam ficar para defender o seu país.