Corrida ilegal acabou em tragédia. Um carro despistou-se, no sábado, e abalroou três espectadores na frente. Há um homem em estado grave.
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Um despiste fez, no sábado à tarde, três feridos, um dos quais em estado grave, na Pista de Guilhabreu, em Vila do Conde. Um é um menor de 14 anos.
Há duas semanas, o Ministério Público (MP) acusou oito pessoas de um crime de poluição e quer ver suspensas as corridas ilegais, que ali decorrem desde 2016, para desespero dos moradores. Câmara, GNR e Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) acumulam queixas, mas a verdade é que as provas continuam, há nove anos, quase todos os fins de semana.
Nas imagens, a que o JN teve acesso, é possível ver a partida dos dois carros. Seria uma prova de arranques, mas, pouco depois da largada, uma das viaturas entra em despiste e colide violentamente contra uma das proteções laterais de betão, onde estavam encostadas largas dezenas de pessoas. A proteção de betão é derrubada e acaba por cair em cima de um dos feridos.
Na sequência do acidente, ficaram feridas três pessoas: uma criança de 14 anos, um jovem de 20 e um homem de 45 anos. Este último sofreu fraturas graves nos membros inferiores, que ficaram presas debaixo da proteção de betão.
No local estiveram os Bombeiros de Vila do Conde, a Cruz Vermelha, a ambulância de suporte imediato de vida de Vila do Conde e a viatura médica do Hospital Pedro Hispano.
Ao que o JN conseguiu apurar, no local estava a decorrer o Motor Show Fest e, após o despiste, todas as provas foram canceladas. Mas a verdade é que estavam, mais uma vez, a decorrer competições ilegais na pista de Guilhabreu.
MP quer o fim das corridas
A pista está sem licença desde 2016 e, desde essa altura, começaram as provas de drift para desespero dos moradores. O JN denunciou o caso em 2020 e 2023. Há provas ilegais, cobram-se bilhetes e inscrições, vendem-se bebidas, juntam-se milhares e há muito barulho pela noite dentro. A Câmara alega não ter competência para cessar atividades e, ainda que ali haja construções ilegais (dos edifícios de apoio), nunca nada foi demolido. A GNR admite ter dezenas de denúncias, mas limita-se a aplicar contraordenações. A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) também não atua e, por ali, as atividades ilegais, com milhares de participantes, continuam.
Os moradores avançaram com queixas junto do MP e, agora, o procurador do Tribunal de Vila do Conde quer ver os oito responsáveis - entre os quais o dono da pista - acusados de um crime de poluição e condenados ao pagamento de "300 mil euros por danos ecológicos e morais coletivos". Quer ainda acabar definitivamente com todas as atividades ilegais.
O MP diz que, no local, há "pistas para provas, boxes e variados edifícios de apoio (bilheteiras, arrumos e armazéns, instalações sanitárias, espaços administrativos e bar)", onde, desde 2016, "têm decorrido eventos de drifting e corridas de motocross e autocross, não autorizados pelas autoridades oficiais, e sem o cumprimento das regras administrativas, designadamente do ruído", audível a "pelo menos, dois quilómetros".