Estudantes, docentes e investigadores criaram formas de ajudar a comunidade. Há uma linha de apoio psicológico e alunos voluntários em lares com dezenas de infetados.
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Em tempos de pandemia, a Universidade de Aveiro (UA) não ficou de braços cruzados. Por isso, abriu-os para ajudar a comunidade. Entre outras iniciativas, criou uma linha telefónica de apoio psicológico e lançou uma bolsa de voluntariado, para os estudantes que estivessem dispostos a ir ajudar lares de idosos. Os alunos responderam positivamente ao repto e são já cerca de 30 os que estão, todos os dias, em instituições.
Quando Márcia Fernandes, de 29 anos, finalista de Enfermagem, foi contactada para ver se queria ser voluntária num lar, não hesitou: queria. Desde 3 de abril, está, diariamente, no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, instituição que já registou mais de 20 mortes por Covid-19. "Se fosse hoje, respondia o mesmo. Ao final do dia, apesar de todo o cansaço, é muito gratificante saber que o nosso trabalho faz a diferença", garante a estudante.
Arrancar sorrisos
"Juntámos o apelo das instituições à vontade dos alunos de ajudar. As regras foram que os alunos deveriam ser supervisionados por enfermeiros das instituições, haver seguro, fazer um protocolo e garantir que os alunos tivessem acesso a equipamentos de proteção individual", explica Elsa Melo, professora da Escola Superior de Saúde da UA e coordenadora técnica do projeto.
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Protegida "dos pés à cabeça", Márcia integra uma equipa que cuida de idosos infetados. É necessário tratar da higiene pessoal, da medicação, da alimentação, entre outras tarefas. E, ainda, dar-lhes ânimo. "Tentamos agir com a normalidade possível, mas eles só nos veem os olhos e ouvem a nossa voz, alguns estão com demência e nem sempre é fácil. Mas, de vez em quando, ainda conseguimos arrancar um sorriso", diz Márcia, que, esta semana, passou a ser contratada pela instituição, tal como outros alunos, ao abrigo de uma bolsa lançada pelo IEFP, que permitiu a estudantes de outros cursos de saúde integrar o programa.
Linha UAescuta
Essa é apenas das respostas atuais da UA à sociedade. A linha UAescuta (234 370 905) é outra. "Funciona das 21 horas à meia-noite. Nove docentes e investigadores do Departamento de Educação e Psicologia, todos com cédula profissional, voluntariaram-se. Surgiu como complemento a outras ofertas e achámos que faria sentido no período noturno, em que muita gente se sente mais sozinha", adianta Alexandra Queirós, vice-reitora da UA.
O concelho de Aveiro contava, ontem, com 243 infetados. A situação mais grave registou-se no início deste mês, quando foi divulgado que o Lar da Santa Casa já contava, na altura, com 15 mortes e com 99 infetados. No entanto, um dos primeiros casos conhecidos foi o de um barbeiro de Eixo, que ficou infetado, no início de março, no Hardclub, no Porto.
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Pavilhão por utilizar
A Câmara, em conjunto com o hospital, dotou o pavilhão da Escola João Afonso com camas e material, caso a unidade hospitalar fique sem capacidade para internamento de doentes Covid. Ainda não houve necessidade de utilizá-lo.
Transportes
Até dia 30 de abril, a Câmara optou pela não cobrança nos transportes públicos municipais ETAC/Aveiro Bus e reduziu a oferta. Há, no entanto, a possibilidade de "transportes a pedido".
Isenção no lixo
O município decidiu não cobrar, nos meses de março e de abril, a tarifa de resíduos urbanos e a taxa de gestão de resíduos, aos consumidores domésticos e não domésticos, como medida de apoio aos munícipes
Milhares em EPI
Cerca de 30 mil equipamentos de proteção individual (EPI) e 1200 litros de gel desinfetante já foram entregues, pela Câmara, a bombeiros e instituições privadas de solidariedade social, num investimento de 150 mil euros.
Eventos cancelados
Todos os eventos agendados, em Aveiro, para abril, maio e junho foram cancelados. No caso da Maratona da Europa, foi remarcada para 25 de outubro. Quanto aos eventos de julho a dezembro, ainda carecem de decisão.