Universidade de Coimbra em projeto europeu de diagnóstico precoce da esquizofrenia
A Universidade de Coimbra vai integrar um projeto europeu de diagnóstico precoce e monitorização da esquizofrenia, em conjunto com 17 outros parceiros de 11 países. O projeto tem oito milhões de euros de financiamento europeu.
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Denominado VOLABIOS (Validation and Comparative Multi-Omics Benchmarking of Fluid-Derived Volatilomics Biomarkers for the Prevention and Early Detection of Schizophrenia), o projeto de diagnóstico precoce e monitorização da esquizofrenia recebeu um financiamento de oito milhões de euros, no âmbito do programa Horizonte Europa. Os principais objetivos são "desenvolver ferramentas mais avançadas e económicas para o diagnóstico de esquizofrenia, melhorando a qualidade de vida dos doentes (e dos seus familiares), e otimizar as estratégias de tratamento e monitorização desta doença mental", pode ler-se na nota de Imprensa da Universidade de Coimbra.
Este projeto de investigação, que tem o seu início agendado para dia 1 de janeiro de 2025 e uma duração de quatro anos e meio (até 2029), pretende "revolucionar o diagnóstico precoce e o tratamento da esquizofrenia, doença mental crónica" que, como explicam, "afeta aproximadamente 1% da população mundial (cerca de 80 milhões de pessoas) e está entre as 15 principais causas de incapacidade a nível global, reduzindo a esperança de vida em 10-15 anos".
O VOLABIOS terá dois planos de atuação (o estudo da mecânica molecular da esquizofrenia e a utilização de novas tecnologias para facilitar o diagnóstico precoce da doença), diferentes abordagens científicas e ferramentas da espectrometria móvel e inteligência artificial. Com isto, "os investigadores esperam que seja possível a identificação precisa e rápida de sinais químicos e bioquímicos que servem como biomarcadores para a esquizofrenia, melhorando a precisão do diagnóstico, reduzindo os prazos e abrindo caminho para intervenções mais precoces, uma compreensão mais profunda da doença e melhores resultados para os doentes", refere a mesma nota.
Envolvimento de mais de três mil doentes
Além desses planos, o projeto decorrerá em várias etapas (como, por exemplo, análise retrospetiva de nove milhões de registos médicos e o estudo de mais de três mil doentes (de seis centros médicos europeus), mantendo uma monitorização dos dados durante 18 a 36meses para avaliar e validar os resultados obtidos.
No caso da Universidade de Coimbra em concreto, a investigação vai focar-se "no recrutamento de doentes para o estudo, assim como na partilha de resultados de proteómica (perfis proteicos em larga escala) no contexto de primeiro episódio psicótico" descreve a nota, citando Bruno Manadas, investigador do CNC-UC. No final do projeto, esperam "apoiar o diagnóstico precoce da esquizofrenia com base em informação molecular, utilizando um painel de biomarcadores que possa ser aplicado com recurso a diferentes tecnologias e inteligência artificial".