Todos os "campus" da Universidade do Minho (UMinho) estão sem fornecimento de gás desde quarta-feira. A situação levou ao fim do aquecimento das salas da instituição, bem como ao fim da utilização de chama dentro dos laboratórios.
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A questão do corte de gás na Universidade do Minho foi levantada pelo professor Tiago Miranda, do departamento de Engenharia Civil, logo no início da reunião do Conselho Geral, que decorreu esta sexta-feira.
O docente afirmou, na sua intervenção, ter recebido, no dia anterior, um email de um aluno "a queixar-se que a sala na qual teve aulas estava com uma temperatura entre 5 e 10º C".
Mas não é apenas o aquecimento dos espaços que tem sido afetado, também o trabalho nos laboratórios tem estado limitado. Patrícia Maciel, diretora do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), do campus de Gualtar, Braga, confirma-o, afirmando que outros colegas de várias escolas repetem a mesma queixa.
Não tivemos qualquer aviso prévio que isto iria acontecer e desde quinta-feira apercebemo-nos que não há gás nos laboratórios
"Não tivemos qualquer aviso prévio que isto iria acontecer e desde quinta-feira apercebemo-nos que não há gás nos laboratórios, o que impossibilita vários dos nossos trabalhos, como, por exemplo, termos ambientes antisséticos, fundamentais para várias das nossas investigações em curso."
Segundo a investigadora e docente, os trabalhos que incluem o uso de chama estão parados até que a situação seja revertida.
O corte no aquecimento foi comunicado internamente à comunidade, na última terça-feira, ainda que, no referido documento, não sejam referidos os problemas que estão a acontecer nas atividades laboratoriais.
Na sexta-feira, durante a reunião do Conselho Geral da Universidade do Minho, o reitor explicou que a situação se deveu a um problema no concurso público para contratualizar um fornecedor de gás. Segundo Rui Vieira de Castro, os três concorrentes no último concurso, aberto em fevereiro de 2022, voltaram atrás na proposta, tendo ficado a universidade sem opções de contratualização.
Constante necessidade de recontratação
Face à situação, "a instituição viu-se obrigada a recorrer a períodos mais curtos" de contratação, o que leva "a uma constante necessidade de recontratação", segundo o reitor. Não tendo encontrado, a partir de 1 de março e até ao momento, um prestador.
O líder da UMinho lamenta a situação, confirmando que houve "erros" e garantindo que será aberto um inquérito interno à administração e gestão dos "campus" para "averiguar onde foi cometida uma falha".
Apesar de Rui Vieira de Castro ter falado, no mesmo discurso, que "haveria formas alternativas de ultrapassar a situação" no caso dos laboratórios, Patrícia Maciel desmente, garantindo ao JN que, até ao momento, "não houve qualquer solução apresentada".