Ex-presidente do Conselho Geral lembrou a revolta que sentia quando diziam que a universidade de Vila Real não tinha futuro.
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O economista e político José da Silva Peneda é o mais recente doutor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com a atribuição, esta sexta-feira, do título "honoris causa", durante a cerimónia que assinalou o 38º aniversário da instituição de ensino superior de Vila Real. "É muito diferente de um doutoramento académico, mas é especial", afirmou o antigo Presidente da República, Ramalho Eanes, que fez o elogio do percurso profissional do homenageado, cujo padrinho foi Luís Valente de Oliveira, ex-ministro.
A UTAD decidiu distinguir Silva Peneda, 74 anos, antigo ministro e secretário de estado, como "reconhecimento pelo seu percurso profissional e dedicação à causa pública", explicou Emídio Gomes, reitor da UTAD.
Silva Peneda foi presidente do Conselho Geral da academia transmontana entre 2013 e 2021, numa altura em que muitos diziam que a instituição de ensino superior não tinha futuro. "O que me dava uma revolta interior" confessou. Ainda assim, "apesar de a universidade estar falida, numa situação dramática, conseguimos dar a volta, tem cada vez mais alunos e tem este campus magnífico, que é dos melhores do país", acrescentou Silva Peneda.
Sobre a homenagem o ex-ministro admitiu que a doutoramento "é uma grande honra", com um "significado especial" pelo facto de ser apadrinhado pelo general Ramalho Eanes, "que ocupa um lugar cimeiro na história de Portugal".
Elogiando o percurso feito pela universidade transmontana, Silva Peneda destacou que alguns dos melhores vinhos do mundo têm por trás enólogos que foram alunos da UTAD. "Em 20 anos quase metade da vinha da Região Demarcada do Douro foi reconvertida e replantada", afirmou, acrescentando que essa revolução fica a dever-se à UTAD e ao curso de enologia.
A UTAD conta atualmente com cerca de 9000 alunos e, segundo o reitor, "é um importante ativo público, que representa solidez" na região. Emídio Gomes quer mais e tem como objetivo criar uma licenciatura na área das ciências médicas, para a qual já foi solicitada autorização. "Na região continuam a faltar médicos", justificou.
Emídio Gomes referiu ainda que "estão em curso investimentos importantes" com o objetivo de criar um campus único, melhorar e ampliar as atuais residências universitárias e construir novas estruturas para alojar os estudantes, que no ano letivo em curso preencheram 97% das vagas.