Uma utente da linha de autocarro Porto-Braga, via autoestrada A3, esta sexta-feira encerrada pela Área Metropolitana do Porto, escreveu ao presidente da CCDR-Norte, António Cunha, a pedir ajuda, garantindo que, se o serviço não for reposto, vai ter de abandonar o trabalho.
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"No meu caso particular, posso-lhe dizer que, caso esta situação se mantenha, não terei como conciliar a minha vida familiar (gerir escolas dos filhos etc) com as alternativas de transporte restantes e, desta forma, vou ser obrigada a desempregar-me", diz Catarina Gomes, investigadora no I3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, da Universidade do Porto .
A utente refere que o email escrito é "em nome de centenas de utilizadores que usam o transporte Braga-Porto-Braga, atualmente operado pela Cávado mobilidade, e que hoje, para surpresa e desespero de muitos" foi encerrado.
"Esta situação é deveras preocupante e, na nossa opinião, não consciente do impacto dramático na vida de centenas de pessoas. Passo a enumerar a importância deste transporte para centenas de pacientes, muitos deles debilitados, de instituições como o Hospital de São João e IPO-Porto; estudantes universitários que cada vez mais se vêm obrigados a recorrer a este meio de transporte devido às dificuldades mais que reconhecidas no arrendamento e do baixo poder económico das famílias nos dias que correm", sublinha.
Além disso, acrescenta, a medida prejudica ainda "inúmeros trabalhadores que não têm outras alternativas e que, quer por impossibilidade financeira em optar por transporte pessoal, quer por questões de vida pessoal familiar que não são compatíveis com horários e trajetos operados pelas poucas opções disponíveis, se veem numa situação assustadora no que diz respeito à continuidade das suas obrigações laborais”.
CENÁRIO GRAVOSO
Conforme o JN noticiou na quinta-feira, a Comunidade Intermunicipal do Cávado (CIM-Cávado) pediu à Área Metropolitana do Porto que não encerre a linha de autocarro, usada diariamente por centenas de pessoas. Contudo, o organismo portuense diz que não volta atrás. "A nova rede UNIR não contempla linha equivalente com ligação entre Braga e Porto, pelo que esta deixará de ser assegurada, a partir de 1 de dezembro, pelas linhas da AMP", respondeu.
“Lamentável. Espero que AMP cumpra as suas obrigações legais e dê sequência a este serviço”, afirmou ao JN o presidente da CIM-Cávado e da Câmara de Braga, Ricardo Rio.
Por sua vez, Ariana Pinho, secretária-executiva da AMP, disse que “a manutenção da linha compete à CIM do Cávado ou à do Ave” e garante que, desde 2019, a rede da AMP não contempla essa ligação até porque ela serve, maioritariamente, os cidadãos da zona de Braga ou do Vale do Ave. "Não há acordo nenhum nesse sentido. É uma licença provisória que agora caduca com a entrada definitiva da nossa rede”, salientou.
Esta tese é rejeitada pela CIM-Cávado, que lembra o protocolo assinado em 2019 entre as duas entidades, no qual se diz que a contratação da Linha tem em conta a zona com mais quilómetros, ou seja, a do Porto.