Dezenas de utentes do Seixal e Almada juntaram-se, esta tarde de segunda-feira, numa vigília contra a falta de médicos no Hospital de Almada que tem levado à degradação do serviço prestado à população e fecho de várias especialidades.
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O Hospital de Almada serve Almada e Seixal, concelhos onde há 46 mil utentes sem médico de família. As comissões de utentes reclamam mais médicos e melhores condições para novas contratações.
Domingas Gonçalves e Júlia Freire, seixalenses, juntaram-se à vigília para reclamar por um melhor serviço de saúde no hospital. Júlia, 64 anos, teme pelo seu pai, com mais de 90 anos, mas também pela sua neta, com quatro anos. "Quando o meu pai precisa de vir ao hospital fica um dia e noite inteira porque o atendimento está caótico, não há mãos a medir dentro do hospital. A minha neta tem quatro anos e tenho receio que tenha que vir a precisar de vir ao hospital, o que ainda não aconteceu", afirma Júlia Freire.
A possibilidade de recorrer a privados não é aceitável. "Nós temos que lutar pelo SNS, por isso estou nesta vigília".
Domingas Gonçalves, 72 anos, recorre ao Hospital de Almada desde sempre e tem visto as condições degradar-se rapidamente. "Os corredores estão sempre entupidos, a sala de espera de urgência está caótica, os médicos e enfermeiros estão exaustos", lamenta.
"Da última vez que vim à Urgência, de transporte dos bombeiros fiquei desde as 23 até às três da madrugada para ser atendida, o que vi dentro do hospital foi triste e por isso estou aqui para lutar pelo meu hospital", diz Domingas.
José Lourenço, da comissão de utentes do Seixal lamenta que a promessa da construção do Hospital do Seixal continue "anos a fio na gaveta" e que a Via Verde Saúde no Seixal, que permite a que utentes com doença aguda sejam atendidos sem ser no Hospital esteja a funcionar com "um oitavo da capacidade. O Governo pode e deve aumentar os salários dos médicos para atrair mais profissionais e acabar com o fecho de especialidades", frisa.
Luísa Ramos, da comissão de utentes de Almada, considera inadmissível que o atendimento de casos urgentes pediátricos termine todos os dias em Almada às 20 horas. "Nos centros de saúde e no hospital não há urgência de pediatria, os utentes são obrigados a ter que se deslocar a Lisboa onde também não há atendimento".
A construção de um novo hospital no Seixal que venha aliviar o serviço em Almada e a contratação de médicos com melhores condições são as soluções apresentadas pelas comissões para Almada e Seixal.