Acidente com sénior levou a lançar campanha para a proteção do frio e prevenção de acidentes com equipamentos de aquecimento.
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"A minha preocupação está na salamandra. Quem é que a acende?", pergunta Andreia Carvalho, da Proteção Civil de Paços de Ferreira, a Otília Quintela, de 83 anos. É a filha, garante a mulher de Freamunde. Mas, lá confessa: "Às vezes ponho um cavaquinho no lume. Se estiver fumo abro a janela, se não estiver não abro. Até adormeço aqui no sofá", brinca.
Só que o caso não é para brincadeiras. "Quando está a arder a salamandra liberta gases e, quando não há uma janela ou porta entreaberta, não saem, por isso dá sono. É um sinal de perigo. Pode dar dor de cabeça, sonolência e até desmaios. Deve haver sempre forma de circular ar", apela.
Estes e outros conselhos têm sido repetidos, casa após casa e em centros de dia, chegando a dezenas de seniores. A Comissão Municipal de Proteção ao Idoso de Paços de Ferreira, com a ajuda da Unidade Móvel e da Proteção Civil, sensibilizam sobre como combater o frio, a importância da hidratação e também dos perigos inerentes aos sistemas de aquecimento, como aquecedores, salamandras, lareiras e botijas.
Foi um acidente, que podia ter sido grave, que despertou para esta necessidade. No ano passado, por ter roupa a secar junto a uma salamandra, uma idosa do concelho, com algumas limitações físicas, causou um pequeno incêndio.
"Decidimos focar-nos na prevenção. Sentimos que poderiam acontecer mais acidentes idênticos", refere Mariana Cunha, chefe de divisão da Ação Social da Câmara de Paços de Ferreira. E são muitas as situações que ainda têm encontrado.
"Prefiro a manta"
Em casa de Odete Garcia, de 72 anos, não há aquecimento. "Não tenho aquecedor nem salamandra, tenho medo de haver um incêndio", confessa. Prefere agasalhar-se com uma manta. "Tem sentido frio por estes dias?", pergunta Andreia Carvalho. "Estou tão habituada que nem sinto. Meto uma mantinha e ponho-me aqui a ver a televisão ou vou ao supermercado, dou uma volta", explica a sénior.
O alerta está num garrafão de lixívia, cheio com água quente, enfiado numa meia, que usa como "botija" improvisada na cama. As técnicas advertem para o perigo. "Aos anos que uso isto...", replica a idosa.
Além de levar conselhos e folhetos, as técnicas do Município aproveitam para verificar as condições em que os seniores vivem, ativando outros apoios se necessário.