Governo não aceitou proposta para descongestionar via. Carro continua a ser meio privilegiado nas viagens.
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Dos três milhões e meio de viagens que se fazem todos os dias na Área Metropolitana do Porto (AMP), mais de dois milhões são feitas de carro. Os acessos à cidade do Porto, especialmente em hora de ponta, ficam bloqueados, com grande impacto na VCI, A44, A4, A3, A28 e nas pontes que ligam Porto e Gaia.
O problema central do trânsito intenso, afirma Cristina Pimentel, vereadora dos Transportes da Câmara do Porto, é a VCI. A responsável acredita que, aliviando a via - que precisa de "uma reflexão profunda" -, metade dos problemas de congestionamento desapareciam. Isto porque um acidente naquele ponto demora cerca de duas horas a ser resolvido, numa média de dois acidentes por dia, garante.
"E o efeito de contágio é enorme. O entupimento alastra porque a VCI atravessa a cidade toda. E quando há um sinistro, as pessoas fogem para outros arruamentos", explica Manuel Paulo Teixeira, diretor municipal de Mobilidade e Transportes, alertando para a sobrecarga na rede local.
A vereadora garante que a Câmara já apresentou uma sugestão ao Governo para tentar resolver o ponto crítico. "Fizémos um estudo sistemático sobre o assunto e dissemos o que queríamos: estudar a possibilidade de "desportajar" a A41, retirar interesse à VCI, reduzir velocidade ou ter velocidades dinâmicas", sugeriu Cristina Pimentel. "Disseram que a VCI não se resolve assim. Não sei como é que se resolve", confessou.
Sem transportes
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, seja como condutor ou passageiro, os residentes da AMP escolhem o carro para se deslocarem porque, além de admitirem ser mais confortável, dizem que "a rede de transportes públicos não tem ligação direta ao seu destino". Esta justificação alia-se aos 34% da população que diz não ter outra alternativa além do automóvel, por viver em locais sem serviço de transporte.
Em Gaia regista-se o maior número de viagens com recurso ao carro. Mas é no Porto que se perde mais tempo em deslocações, com viagens diárias a demorar uma média de 19 minutos. Segue-se Gaia, Valongo, Matosinhos e Gondomar, cujas viagens demoram entre 16 a 18 minutos.
Uma das soluções para aliviar o tráfego passará pela construção da ponte D. António Francisco dos Santos, que visa acolher os carros da Ponte Luís I, afirma Cristina Pimentel, retirando pressão à Baixa da cidade, ao mesmo tempo que poderá aumentar a fluidez das travessias entre Porto e Gaia. A aposta na intermodalidade e em parques de estacionamento periféricos também estão em cima da mesa.
E de acordo com José Pedro Tavares, professor da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade do Porto e diretor do Laboratório de Análise de Tráfego, deverá ser mesmo esse o caminho a seguir, uma vez que quando as vias recebem um aumento de capacidade, "há mais geração de tráfego".