A procura por veados na Serra da Lousã aumentou nos últimos dois anos a nível nacional, e o interesse de visitantes estrangeiros não teve uma diminuição significativa com a pandemia. Os promotores estão satisfeitos, mas garantem não querer um turismo de massas na zona.
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"Não digo números porque não queremos massificar o turismo nesta zona. O que as pessoas procuram ao vir aqui é sossego, e com a massificação não é isso que vai acontecer", defende Alfredo Mateus, lembrando o que já vem acontecendo, aos poucos, com as aldeias de xisto daquela região.
"Em agosto é quase impossível ir à aldeia do Talasnal. Não é isso que se pretende neste tipo de turismo", adianta. No entanto, admite uma maior procura, sobretudo nacional. "Com a pandemia, os portugueses descobriram o interior do país e têm procurado mais este turismo de natureza", destaca.
No entanto, e apesar de haver uma diminuição, os estrangeiros não deixaram de vir. "Ainda há dias tive aqui uma americana que ficou louca com os veados e com as aldeias de xisto", aponta. Uma televisão dos Países Baixos também visitou a Serra recentemente, tendo feito uma reportagem com a empresa de Alfredo Mateus. "Temos tido muita procura de ingleses e norte-americanos, mas também tem vindo gente da América do Sul", salienta.
Os veados têm todas as condições aqui até porque não têm predadores e a caça é proibida
Os veados foram reintroduzidos na Serra da Lousã em 1995, depois de aí terem sido extintos no final do século XIX. Dos 120 reintroduzidos, oriundos de vários pontos do país, atualmente são cerca de três mil, espalhados um pouco por toda a serra. "Têm todas as condições aqui até porque não têm predadores e a caça é proibida", conta Alfredo Mateus, admitindo que já se estejam a espalhar para a Serra da Estrela, tendo já sido lá relatados alguns avistamentos.
"O grande problema dos veados é que comem tudo, o que leva a alguns problemas com proprietários de terras nesta zona", admite.
Setembro e outubro são os melhores meses
As recentes épocas festivas de Natal e Ano Novo foram de muita procura de turismo, bem como o verão, se bem que, segundo o promotor, a melhor altura para ver veados na Serra da Lousã é entre setembro e outubro. "É a época da brama (o cio), em que é mais frequente encontrá-los", revela.
A Veado Verde arranca as visitas ao início da manhã em Coimbra e leva os visitantes, nos seus jipes, até à Serra da Lousã, identificando os pontos principais onde encontrar os veados, complementando com uma visita a aldeias de xisto da região. As visitas costumam durar toda a parte da manhã e estão limitadas a um máximo de 10 pessoas.
Alfredo Mateus era engenheiro informático quando, em 2017, decidiu abrir uma empresa de visitas turísticas à Serra da Lousã. "Estava farto da vida de escritório. Fechei a empresa, criei a Veado Verde e fui começando, muito devagar, quando muita gente não acreditava", salienta. Entusiasta da Serra da Lousã há mais de 20 anos, Alfredo mostra-se satisfeito com a mudança. "Já fazia passeios à serra a nível individual e por curiosidade, mas só nos últimos quatro anos é que tornei a atividade mais profissional", aponta.