António Lopes sentiu-se recompensado pelo esforço que fez para conseguir ver uma luz na escuridão da Cultura.
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António Lopes, natural de Gravelos, em Vila Real, venceu o primeiro prémio no concurso de jovens artistas da Associação Internacional de Clarinete, com sede nos Estados Unidos da América. Foi o melhor entre 24 clarinetistas concorrentes, oriundos de seis países.
A decisão de concorrer foi como um grito de revolta contra o travão que a pandemia significou na sua vida artística. Até março de 2020, a carreira de António Lopes ia "bem lançada", com "bastantes concertos". De repente, sentiu-se como "um pássaro que começa a voar e ao qual cortam as asas".
António ficou sem rumo, vendo "concertos cancelados e projetos académicos adiados". Decidiu então participar no concurso internacional de clarinete para procurar "alguma motivação para continuar a trabalhar".
Depois de ser informado da conquista do primeiro prémio, o jovem sentiu que foi recompensado pelo esforço que fez para conseguir ver "uma luz ao fundo do túnel". Mostrou que "nem tudo nesta pandemia foi mau". E espera que seja "um trampolim para outras coisas", uma "motivação para continuar a trabalhar".
António Lopes procura melhores dias na sua vida ligada à música, cujo gosto lhe foi passado pelo pai, que é guitarrista, e que estimulou de vez, um dia, numa festa popular, depois de ver passar uma banda filarmónica. Despertou-lhe curiosidade a "quantidade enorme de sons que existia na banda" e, aos sete anos, ingressou na Banda Filarmónica da Portela, em Vila Real.
Fez lá toda a formação teórica e a seguir entregaram-lhe um clarinete. Nem sequer foi a sua opção. "Era o que havia disponível". Afeiçoou-se ao instrumento e foi estudá-lo melhor no Conservatório Regional de Música de Vila Real.
Terminado o 12º ano, mudou-se para Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto, onde hoje, com 21 anos, frequenta o mestrado em Ensino de Música com especialização em instrumento.
Dar aulas num conservatório ou numa academia são objetivos que persegue. Ouro sobre azul seria ingressar numa orquestra, eventualmente noutro país.
Desde 2012, António Lopes já ganhou vários prémios internacionais de clarinete, mas ainda ambiciona conquistar o de Genebra, na Suíça, e o de Munique, na Alemanha, que considera serem "os maiores do Mundo".