Espaço passou a fechar à segunda-feira. Município estuda aumento de horas em dias de maior afluência.
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A Câmara de Braga está a ponderar o alargamento do horário do mercado municipal, em alguns dias da semana, para compensar o encerramento do espaço à segunda-feira, mas a ideia não agrada a floristas, peixeiras, vendedoras de frutas ou legumes que, depois do almoço, já só veem os clientes a entrarem ali, a conta-gotas. Há quem peça que se volte ao horário antigo, mantendo as portas abertas todos os dias, à exceção de domingo.
"Não gostei que fechassem à segunda-feira, porque o mercado tem de estar aberto todos os dias, mas sem horários obrigatórios", afirma Fátima Quinteiro, sublinhando que o alargamento do horário das 17 horas até às 19 horas, à quinta ou sexta-feira, como está em cima da mesa, "não compensa".
"Já tentaram isso no mercado velho e não resultou", justifica a comerciante.
A mesma opinião tem a peixeira Teresa Macedo. "Por que é que o mercado fecha à segunda-feira, se na rua está tudo aberto?", questiona a vendedora, não antevendo vantagens no alargamento do horário nos restantes dias da semana. "Nem às 17 horas vem gente", acrescenta outra peixeira, Cândida Fernandes, com 60 anos de atividade naquele mercado.
"A partir das 14 horas já não se passa nada. E das 7 às 17 horas já são 10 horas de trabalho, todos os dias. Também não podemos fazer pausas a meio da tarde, porque os clientes não estão habituados a isso", considera a florista Sónia Ramôa, uma das comerciantes que aplaudiu o fecho de portas à segunda-feira, porque agora pode "descansar".
Falta estacionamento
A aproximar-se o verão e os dias com altas temperaturas, Sónia Ramôa também não quer ouvir falar de mais horas no mercado, até porque "passa mal com o calor". O Município montou guarda-sóis e os aparelhos de ar condicionado, no último ano, "mas não são suficientes, porque a cobertura de vidro faz efeito de estufa", critica a florista.
O problema é repetido pelas colegas de outras bancas, que garantem que, mais do que o alargamento de horário, é preciso lugares para carros. "Não vale a pena aumentar o horário, se não há estacionamento", defende Cândida Fernandes.
Numa reunião recente do Executivo, a vereadora Olga Pereira admitiu que vai ouvir, novamente, os comerciantes para discutir a possibilidade de alargamento do horário nos dias mais concorridos. Sobre o encerramento ao público à segunda-feira - apenas é permitido entregar encomendas a clientes -, a medida deverá manter-se. Como a responsável já tinha adiantado ao JN, num inquérito feito aos cerca de 200 comerciantes, "70% concordou" com o fecho.