<p>Os acessos difíceis ou inexistentes, a orografia do terreno e o vento forte foram os principais inimigos dos bombeiros no combate aos incêndios, nos últimos dias, no Sabugal, em especial em Ribeira da Nave.</p>
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De acordo com o segundo comandante do Comando Distrital de Operações de Socorro da Guarda, Seara Pires, no fogo que lavrou, desde a noite de sábado, numa extensa área de pinhal e mato e que foi dado como circunscrito cerca do meio-dia de ontem, o vento foi "o pior inimigo", com as "mudanças frequentes". "As dificuldades maiores prendem-se com os acessos que não existem na maior parte dos sítios e com o facto de os caminhos agrícolas não estarem limpos, pelo que, muitas vezes, os bombeiros têm que progredir a pé, pois a própria orografia do terreno também não permite o acesso dos carros", descreveu.
O fogo - que destruiu uma extensa área em redor de Sortelha, Urgueira, Aldeia de Santo António, Alagoas, Santo Estêvão, Moita e Casteleiro - também queimou "palheiros e arrecadações agrícolas", acrescentou. Seara Pires admitiu que os fogos de ontem, na zona do Sabugal - Ribeira da Nave, Casteleiro e na zona dos Fóios - poderão ter tido origem "criminosa" ou sido lançados por pastores "para renovarem os pastos".
Acredita que o fogo de Ribeira da Nave "vai ficar como sendo o maior incêndio" da presente época de fogos florestais, tendo sido combatido por cerca de 200 bombeiros e meios aéreos, incluindo dois aviões espanhóis.
Os habitantes das povoações rodeadas pelas chamas contaram que não dormiram durante a noite, tendo ficado "a guardar o fogo, para que não chegasse às casas".
"Durante a noite, o fogo atacou mais a povoação da Moita, mas de manhã chegou ao Casteleiro. Deitei-me por volta da uma hora, mas não consegui dormir e alguns vizinhos estiveram acordados toda a noite", contou Micaela Marques, 77 anos, moradora em Casteleiro.
Na vizinha localidade de Terreiro das Bruxas, Maria Fernandes, 68 anos, relatou que a aldeia foi "lambida" pelo fogo, que "chegou mesmo às casas". Na aldeia de Urgueira, também fustigada pelas chamas, Maria Nabais, relatou que o fogo "andou de volta do povo mas não arderam casas". "O meu marido esteve toda a noite a vigiar o fogo e não dormiu", contou.
Entretanto, o presidente da Câmara do Sabugal, Manuel Rito, disse que a autarquia vai fazer "um levantamento" da área destruída pelos incêndios florestais no concelho. O autarca admite a possibilidade de pedir ajuda ao Governo para minimizar os prejuízos verificados sobretudo ao nível da agricultura.
Refira-se que o passado domingo foi o dia que se registou o maior número de incêndios desde o início do ano, com 444 fogos em todo o país, segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil. Só no último fim-de-semana, registaram-se 794 fogos, dos quais 350 foram no sábado e os restantes no domingo.