A empreitada de conclusão da eletrificação do troço de 16 quilómetros da linha do Douro entre Caíde (Lousada) e Marco de Canaveses foi, esta manhã de sexta-feira, consignada pela Infraestruturas de Portugal (IP) numa cerimónia que contou com a presença do Ministro do Planeamento e das Infraestruturas Pedro Marques e do Vice-Presidente da IP, Carlos Fernandes.
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O prazo de execução é de 215 dias. Durante três meses, de dezembro a fevereiro, a linha encerra. O transbordo entre as duas estações será feito por autocarro.
Além da eletrificação entre Caíde e Marco onde serão investidos dez milhões de euros, financiados a 80% pelo quadro comunitário COMPETE 2020, estando igualmente previsto o prolongamento da empreitada de eletrificação do Marco até à Régua. Neste particular, o concurso só será lançado em 2019 e ascenderá aos 80 milhões de euros.
A Infraestruturas de Portugal promete ainda investir mais 21 milhões de euros em obras no troço de 68 quilómetros entre a Régua e o Pocinho, nomeadamente na estabilização de taludes e reabilitação total da linha entre o Pinhão e o Tua e da ponte e viaduto da Ferradosa.
A população quer "ver para crer", já que as três anteriores tentativas para fazer a obra entre Caíde e Marco de Canaveses correram mal, quer pela falência do empreiteiro, quer porque se descobriu que o projeto estava mal feito e era necessário uma intervenção mais aprofundada.
"Eu percebo que para as pessoas é ver para crer. Mas se viemos hoje aqui, não trouxemos powerpoints, trouxemos a consignação da obra. O prazo para o empreiteiro acabar este trabalho começa a contar a partir de hoje. Estou convencido que a obra vai chegar ao fim", exclamou Pedro Marques quando confrontado com incredulidade dos utentes.
O ministro diz que até pode dar a sua palavra de honra, mas que mais importante, sublinhou, "é que o governo teve de submeter a Bruxelas a eletrificação da Linha do Douro entre Caide e a Régua", certificou ao JN.
José Pereira, da Comissão de Utentes, intrometeu-se no caminho do ministro para lhe dizer que espera que desta vez os governantes cumpram com aquilo que prometem. "Faz domingo dois anos que estive aqui neste mesmo sítio, em cerimónia idêntica, para o lançamento da obra", disse. Ao JN, José Pereira reiterou a desconfiança dominante: "Sou como São Tomé".
A odisseia deste projeto começou em 2013 com a ainda REFER a anunciar que os trabalhos começariam em 2014. Em 2015, o então secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, realizou um evento no Entroncamento para a assinatura da consignação da obra. No mês seguinte, o mesmo governante e o então presidente da Infraestruturas de Portugal, António Ramalho, fariam um novo evento em Marco de Canaveses para apresentar o projeto, que deveria estar concluído em 2016.
A presidente de Câmara do Marco de Canaveses, Cristina Vieira, filha de um ferroviário, disse confiar na "palavra dada que será honrada". A autarca firmou igualmente um protocolo com a IP para ampliação do parque de estacionamento automóvel da estação.
Carlos Fernandes, da IP, explicou que atualmente "há obra em todos os corredores ferroviários do país" num investimento global de dois mil milhões de euros que irão beneficiar mais de mil quilómetros de via férrea.