O presidente do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves, Óscar Antunes, destacou hoje, domingo, a propósito do acidente ocorrido com uma aeronave no concelho de Alcácer do Sal, que há mais acidentes aéreos nos meses do Verão.
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"Quando há mais calor, há maior insustentabilidade das aeronaves, já que o ar é mais rarefeito o que causa menor pressão sobre as asas para manter as aeronaves", explicou à agência Lusa o presidente do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA).
Também a maior utilização de aviões particulares para deslocações durante as férias, e a sua utilização intensiva no combate aos incêndios que tradicionalmente deflagram nos meses mais quentes do ano justificam o maior número de ocorrências registadas no Verão.
Daí, o molhar das pistas de aterragem e descolagem de aeronaves é uma das técnicas utilizadas nos dias em que as temperaturas atingem valores mais elevados.
Do acidente deste domingo, o segundo em apenas três dias em Portugal - depois de uma queda de um aparelho em Évora na última sexta-feira ter provocado uma vítima mortal - resultou um morto, o piloto de 79 anos.
Óscar Antunes frisou à Lusa que "há limite de idade para os pilotos" de aeronaves da aviação comercial, que passou recentemente de 60 para 65 anos, mas que o caso muda de figura no que toca às aeronaves particulares, onde "desde que os pilotos sejam considerados aptos após a realização de exames médicos, podem continuar a voar".
"É competência do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) certificar as aeronaves, as pistas e quem faz a manutenção", disse o presidente do SITEMA, que considerou ainda que há falta de técnicos especializados na manutenção dos aparelhos.
"Se até as grandes empresas, que pagam melhor, têm dificuldade em contratar técnicos de manutenção, isso é um sinal de que deviam haver mais técnicos, algo que se nota no Verão, quando pela maior utilização e mais horas de voo, há um maior desgaste das aeronaves", sublinhou, acrescentando que "só o INAC poderá dizer se não tem os meios logísticos para assegurar a eficaz manutenção dos aparelhos".
O presidente do SITEMA estimou ainda que existam em Portugal sensivelmente 1.500 técnicos de manutenção, a maioria dos quais ao serviço da TAP, SATA, Portugália e OGMA.