O Viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa, está a ser reabilitado e reforçado com várias estruturas em aço e outras em cruz, semelhantes às gaiolas pombalinas, para se tornar mais resiliente a sismos.
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O ministro das Infraestruturas, João Galamba, numa visita esta segunda-feira ao interior da estrutura, explicou que "o viaduto tem 80 anos e foi construído em betão, mas, entretanto, a tecnologia e os regulamentos evoluíram". A obra, financiada pela Infraestruturas de Portugal, custou cerca de sete milhões de euros e estará concluída em fevereiro de 2024.
No interior do viaduto Duarte Pacheco estão a ser construídas duas estruturas de aço por cada piso, obrigatórias segundo a nova legislação de proteção sísmica. Carlos Sousa, diretor de fiscalização da Infraestruturas de Portugal, numa visita com os jornalistas pelo estaleiro de obras, disse que "as estruturas são amarradas às pré-existentes, um trabalho que o público não vê".
Ligações de aço
"O viaduto é de betão, que funciona bem à compressão, mas não funciona bem à tração, e precisa de ligações de aço", explicou, garantindo ainda que o viaduto "não está em risco".
"Estamos a dotá-lo de melhor resistividade ao futuro. Com a evolução da legislação, o reforço sísmico tinha de ser feito", esclareceu. Não é possível, contudo, saber qual a magnitude sísmica que suportará.
"Um sismo é um fenómeno eletromecânico de placas, tem a ver com a profundidade a que se dá e a distância do epicentro. Não é possível dizer se aguenta um sismo de grau dez porque pode haver um sismo de grau oito mais destrutivo. Estamos a tentar prepará-lo o melhor possível", assegurou.
Mais de metade do orçamento da obra é destinado ao reforço sísmico, sendo a restante verba para a reabilitação da estrutura.
"A ponte, com 50 mil metros quadrados, o equivalente a cinco estádios de futebol, será toda pintada. Estamos ainda a melhorar a fundação e a estrutura dos dois pilares principais, que fazem a ligação ao arco principal, da Avenida de Ceuta, cerca de 100 metros de vão", avançou. No verão, entre 15 de julho e 15 de setembro, a pavimentação do tabuleiro superior, por onde passam 134 mil veículos por dia, e a substituição das juntas de dilatação obrigarão ao condicionamento de alguns acessos do viaduto.
Pavimentação à noite
"Entrar e sair de Lisboa será o maior problema, mas vamos tentar fazer a pavimentação de noite para de dia estar a funcionar. Nunca vamos cortar totalmente, no máximo cortamos uma via e deixamos a outra a funcionar", garantiu.
Legislação
Em Portugal é obrigatório preparar edifícios e infraestruturas para resistirem aos sismos desde 1958, lei que foi atualizada em 1983: 25% do parque edificado de Lisboa foi construído entre 1958-1983.
Toneladas
Entre 60 a 70 trabalhadores estão a construir estruturas, com 250 toneladas de aço, e outras semelhantes às gaiolas pombalinas, um sistema de construção anti-sísmica, no interior do viaduto Pacheco Duarte.
Maior risco
Lisboa é a segunda cidade europeia com maior risco sísmico: 68% dos edifícios que existem na Área Metropolitana foram construídos antes de existir legislação de proteção sísmica eficaz, em vigor desde 1983.
Intervenção
O viaduto Duarte Pacheco é uma das principais vias de acesso a Lisboa e aos concelhos de Oeiras, Cascais e Sintra. Foi projetado em 1937, pelo engenheiro João Alberto Barbosa Carmona, e construído entre abril de 1939 e dezembro de 1944. A última intervenção profunda foi realizada há cerca de 20 anos, entre 2000 e 2002, Resistiu ao sismo de 1969 de magnitude 8 na escala de Richter.