Só uma operadora registou mais de 30 mil viagens na primeira semana deste mês, um dos melhores registos a nível europeu. Preço das viagens merece críticas, mas deve manter-se.
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As trotinetas do Porto fizeram mais de trinta mil viagens na primeira semana de agosto. Tantas quanto as realizadas durante todo o mês de julho. O número foi avançado pela Bird, uma das três operadoras com licença na cidade. A empresa acrescentou que o Porto, neste período, foi mesmo uma das melhores cidades europeias no que concerne à utilização daqueles veículos. Que, em julho, já tinham registado uma subida de 70%. O sistema de partilha arrancou há três meses, ainda limitado pela pandemia, e começa agora a reunir muitos adeptos. A maioria é atraída pela "diversão".
Aliás, Alex Machado, de 28 anos, e o primo, Jorge da Silva, de 22, testaram os veículos por puro recreio. Emigrados no Canadá e em França, os dois já não se viam há largos meses e decidiram recuperar o tempo perdido com um passeio de trotineta pela Invicta. Cada um teve de desembolsar oito euros.
Dos Aliados até ao Palácio da Bolsa, a primeira experiência nos veículos durou cerca de 35 minutos e obrigou a "fintar" muita gente nas ruas. "Mas é muito fácil aceder à aplicação e andar de trotineta pela cidade. Se houver muita gente, é só apitar e o pessoal desvia-se logo", ri Alex.
amigas desistiram
Mas a "brincadeira" não é para todos os bolsos. Marta Guedes e a amiga Francisca Gonçalves, ambas de 16 anos, queixam-se que "o serviço é muito caro". As tirsenses garantem que a utilização "só compensa se a pessoa andar durante muito tempo", caso contrário a despesa é elevada.
As jovens tentavam, num dos primeiros pontos de partilha de trotinetas na Avenida Montevideu aceder à aplicação da FreeNow (antiga Hive), mas como não tinham cartão de crédito para associar e pagar a viagem, desistiram do passeio.
O JN questionou as duas empresas a operar na cidade sobre uma possível alteração de preços. A Bird (que comprou a Circ) não se pronunciou sobre o tema e a FreeNow não respondeu.
Pela Baixa do Porto já é possível observar o abandono de vários veículos na via pública, desde o jardim junto ao Palácio da Bolsa, passando pela Rua da Alfândega e até a Ponte da Arrábida. Alex e Jorge conduziam duas trotinetas que tinham encontrado, precisamente, abandonadas no passeio.
Também Klaus Zimmermann, de 52 anos, queria iniciar uma viagem de trotineta na Rua Nova da Alfândega, tendo como destino a Rua Formosa. "O apartamento é lá e não quero ir a pé", desabafa o alemão, enquanto tenta arrancar com o veículo, que "não funciona". "Diz que está desbloqueada mas não anda. E entretanto estou a gastar dinheiro", lamenta Klaus, que, após as tentativas infrutíferas, seguiu viagem de autocarro.
regras por cumprir
A Câmara do Porto deverá manter os pontos de partilha nos mesmos locais, estando o número de veículos a ser ajustado à procura. Apesar dos avisos afixados em alguns veículos, a maior parte dos utilizadores não usa capacete e circula pelos passeios, algo também proibido pelo Município.
PORMENORES
Milhares de veículos
Cada uma das licenças atribuídas pela Câmara à Bird, Circ (comprada pela Bird) e Hive permite a colocação de 700 veículos com a possibilidade de ampliação para 900. O que significa que, pela cidade, podem circular entre 2100 a 2700 trotinetas.
Circulação
A Autarquia elaborou um conjunto de regras que, entre outras normas, proíbe a circulação em arruamentos pedonais, praças, jardins urbanos e passeios.