O vice-presidente da Câmara de Viseu negou, esta sexta-feira, qualquer intervenção num concurso de recrutamento para técnico superior nos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento do município, que levou à colocação da sua filha, classificada em segundo lugar.
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"Não tive qualquer intervenção no processo. Mas, se há alguma dúvida, os concursos são atos públicos e têm provas escritas, exceto se as pessoas já estiverem integradas na função pública", disse Américo Nunes à agência Lusa.
Segundo a edição de hoje do jornal Público, a primeira classificada, que tem 17 anos de carreira na administração pública e concorreu para ocupar o lugar de técnico superior licenciado em Direito, "alega ter sido prejudicada e pede a anulação da deliberação", tendo interposto uma ação no Tribunal Administrativo de Viseu.
Dispensada de provas escritas, acabou classificada em primeiro lugar com 16,56 valores mas, "quando chamada para a fase de negociação, a candidata não aceitou as condições oferecidas pela autarquia", que lhe propôs assumir funções "como se estivesse em início de carreira", levando a uma redução de vencimento de cerca de 500 euros.
"Estas condições foram recusadas pela jurista, o que levou a autarquia a considerar que foi a própria candidata a desvincular-se do concurso. A câmara chamou então a segunda classificada no concurso: a filha do vice-presidente da autarquia e que obteve na prova a nota de 14,6 valores", refere o jornal.
Fonte do tribunal disse à Lusa que no dia 16 de novembro foi interposta uma ação administrativa especial, tendo as partes implicadas já sido "citadas para contestar" através de carta.
Américo Nunes disse que, "se há alguma dúvida, as pessoas têm direito a recorrer aos tribunais".
Lembrou que está na câmara há 23 anos e que a sua filha "é maior e vacinada e tem 12 anos de prática", considerando que não pode ser responsabilizado por esta situação.