Maior cancro arquitetónico de Vila Real foi comprado por empreiteiro de Bragança por mais de dois milhões.
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O edifício que foi construído para ser um hotel, com vistas privilegiadas para o Parque Florestal de Vila Real, e que permaneceu durante 40 anos como um esqueleto de betão, entrou finalmente em obras. Está a ser transformado em apartamentos habitacionais.
O presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Rui Santos, diz ao JN que está a ser resolvido um "cancro urbanístico", que "em má hora foi aprovado" e num "local desadequado para um edifício daquela dimensão".
Aquele mamarracho foi comprado, em 2019, por uma empresa de construção de Bragança. O imóvel foi posto à venda por um fundo de insolvência e a construtora ganhou a corrida em leilão pagando mais de dois milhões de euros. As obras de adaptação para criar cerca de 70 apartamentos estão a decorrer "a bom ritmo", refere o autarca. O JN tentou fazer o ponto da situação junto do empreiteiro, mas os contactos foram infrutíferos.
Prioridade
Rui Santos nota que o seu Executivo sempre teve como "prioridade" arranjar uma solução para o esqueleto do hotel do parque, daí que agora se mostre agradado por ver lá os trabalhadores. Até porque o mamarracho esteve para ser um hospital privado, um lar de idosos, entre outros fins que nunca foram concretizados. "Agora, acredito que este investimento já não vai voltar atrás, caso contrário seria um suicídio financeiro", salienta, supondo que "até ao final de 2022 ou no início de 2023, estará concluído".
Mesmo depois de acabada a obra, o imóvel não deixará de ter um impacto grande na paisagem urbana de Vila Real e sobretudo no Parque Florestal e no Parque Corgo. Mas é, sobretudo, pela localização junto à entrada do pulmão da cidade que a procura tem sido grande. Rui Santos diz ter conhecimento de que "mais de 85%" dos apartamentos já estarão vendidos.
O presidente da Câmara destaca ainda que aquela empreitada "vai levar muitas famílias para o centro histórico da cidade". Isso vai acabar por "animar com pessoas" uma zona que tem perdido população, o que considera ser "extremamente relevante".
Unidade de saúde
Ao lado do Hotel Miracorgo, com vista para as escarpas do rio, existiu um outro mamarracho, embora mais pequeno que o hotel do parque. Foi transformado na Unidade de Saúde Familiar Nuno Grande.
Antiga adega
Perto da estação de comboios, houve, até há pouco tempo, umas cubas em cimento que pertenciam à antiga adega vila-realense. Está a nascer um edifício com características ajustadas à zona.