UTAD ultrapassou, pela primeira vez, os oito mil estudantes. Câmara garante que cidade vai poder acolher muitos mais.
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Era um objetivo para quatro anos, mas Emídio Gomes alcançou-o em apenas um como reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). No presente ano letivo, foi ultrapassada a fasquia dos oito mil estudantes. O próximo é tornar Vila Real "o novo destino universitário do país". A Câmara Municipal rema no mesmo sentido e a Associação Académica entende que tem tudo para dar certo.
Emídio Gomes anda satisfeito com o sucesso da academia que dirige, relativamente à colocação de novos estudantes através do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior. E ao nível de novas inscrições em mestrados e doutoramentos também está a ser "um ano muito forte". Apesar de estar a encarar este feito com "ânimo", não quer ficar "sentado em cima do que correu bem agora", pois sabe que o futuro traz "mais responsabilidade".
Os olhos já estão postos no ano letivo 2023/2024, para procurar perceber "como a UTAD pode ser ainda mais eficiente, dado que as famílias passam por dificuldades". Mas há também o objetivo de "tornar Vila Real um destino universitário mais apetecível, cómodo e interessante para os estudantes, a maior parte de fora".
Formar médicos
Um dos trunfos para o futuro é o Centro Académico Clínico que deverá proporcionar à UTAD a possibilidade de formar médicos. Estão a ser preparadas novas formações que serão reveladas no dia 16 de novembro.
Emídio Gomes salienta que "à medida que a UTAD se consolida e cresce, abre novas necessidades". A começar pelo alojamento, cada vez mais escasso. Pela parte da universidade, o reitor afiança que "o número atual de camas (cerca de 500) vai triplicar no espaço de três anos". Conta ainda com "muito investimento privado, que também vai aumentar a oferta". Até lá "é preciso trabalhar para encontrar soluções".
O presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, garante que a Autarquia está a trabalhar com a UTAD e com "grande afinco". Não só para que a cidade se transforme no novo destino universitário do país, mas também para "fixar os estudantes depois de se formarem". Dá o exemplo da criação, em conjunto, do Regia Douro Park, que, entre outros, inclui o Centro de Excelência da Vinha e do Vinho, o Centro Fraunhofer e várias empresas de referência ligadas às novas tecnologias, que "permitirão que muitos alunos possam ficar em Vila Real".
Rui Santos destaca ainda a "melhoria dos acessos ao campus académico, nomeadamente através de uma ciclovia", o "aumento dos transportes públicos em termos de capacidade e de frequência", a "segurança do concelho" e, apesar de tudo, "preços do alojamento mais baratos do que noutros pontos do país".
A saber
1532 novos alunos
É o maior número atingido nos últimos dez anos. Corresponde a 94,1% dos estudantes colocados. A UTAD abriu 1628 vagas, mas só 1499 alunos se matricularam após a segunda fase. Na terceira foram colocados 33.
Investigação
"É o que distingue uma universidade", segundo Emídio Gomes. "A UTAD tem seis centros próprios e oito polos de centros externos. O número de doutoramentos tem vindo a aumentar e isso fará parte da afirmação futura".
"Ser uma cidade pequena é uma vantagem"
Maria Ferreira - Presidente da Associação Académica da UTAD
Vila Real pode mesmo ser um destino universitário?
Sim. Já tem muita coisa apetecível para o ser. Apesar de estar no Interior e afastada dos locais de residência de muitos estudantes, o facto de ser uma cidade pequena é uma vantagem. Aqui toda a gente se conhece e há muita proximidade. Não se pode perder esta característica. Outra vantagem é o preço do alojamento. Apesar de ser muito superior ao que era há cinco ou seis anos, comparando com cidades como Braga, Porto e Lisboa, por exemplo, continua baixo. A média anda nos 180 euros/mês por quarto.
Se continuar a aumentar pode ser um entrave?
O preço do alojamento é um fator que condiciona muitos jovens a irem para o Ensino Superior, mesmo para os que têm bolsa. Acreditamos que as novas residências e a requalificação das existentes vão compensar a escassez da oferta privada. Terá também de haver maior fiscalização para evitar arrendamentos sem contrato e sem recibo, que impedem o acesso ao complemento para o alojamento.
O ecocampus da UTAD também funciona como atrativo?
Sim. Principalmente para os estudantes Erasmus, que têm esse fator muito em conta. O espaço dos alunos, gerido pela Associação Académica e que nos permite ter festas cá dentro, também é outro aspeto muito positivo.